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Direto ao Ponto

‘No setor de etanol, quem fizer o dever de casa vai superar a crise’

Para Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho, segmento deve retomar tendência de crescimento após período de instabilidade, mas medidas de apoio são necessárias neste momento

A queda nos preços do petróleo e a forte redução de 50% da demanda de etanol por causa do isolamento social têm causado muitos prejuízos ao setor sucroenergético. Mesmo com o cenário de crise, o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, aposta na maior eficiência do biocombustível a partir do cereal e no planejamento do setor para superar esse momento turbulento.

Nolasco foi o entrevistado do programa Direto ao Ponto deste domingo, 10. Ele contou como o setor está atuando para enfrentar a crise. Apesar do otimismo, também reforçou a importância de o governo ajudar a cadeia produtiva a minimizar perdas.

“A diminuição na demanda e redução da competitividade do etanol nos acendeu a luz no momento de atenção de refazer o dever de casa, diminuir custos aumentar a produtividade esperando esse momento difícil acabar”, disse.

O presidente da Unem citou vantagens do milho nessa equação, como a produtividade. Segundo ele, uma tonelada do grão está rendendo entre 420 e 430 litros de etanol, enquanto a produtividade da cana-de-açúcar é, em média, de 90 litros por tonelada. Nolasco ainda lembra os múltiplos uso do milho como o DDG – sigla em inglês para grão seco de destilaria, um subproduto do processamento do cereal -, por exemplo, que rende uma receita extra para o setor.

“Temos usinas que têm uma musculatura para atravessar este momento, sobretudo aquelas de produção e dedicação exclusiva ao etanol de milho. Então, acreditamos que, realmente, quem fizer o dever de casa vai sair lá na frente”, disse.

Um outro diferencial do milho, conforme o dirigente da Unem, são as vendas antecipadas do grão. Mato Grosso, no período da segunda safra em 2019, já tinha 42% do total negociados e, no mesmo período deste ano, já registra vendas acima de 65% do total, apontou.

Guilherme Nolasco ainda disse que na região Centro-Sul a queda da demanda pelo etanol está sendo compensada em parte com o abastecimento do arco Norte e Nordeste. “Uma região que naturalmente vinha sendo abastecida pelo etanol importado”.

Sobre as perspectivas de melhoria para o mercado de etanol, o presidente da Unem adiantou que ainda é muito cedo para fazer uma análise concreta sobre a retomada de consumo do combustível, mas acredita em uma normalização a partir do segundo semestre. “A gente espera que até agosto, setembro, o setor volte a normalidade”, afirmou.

Mercado

Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam que o percentual do etanol de milho chegou a 4% de toda a produção do biocombustível em 2019. Em 2015, a proporção era de 0,4%. A Unem aponta uma projeção de crescimento de 20% em oito anos.

Socorro ao setor

Embora existam perspectivas mais otimistas por parte da Unem, Nolasco enfatiza a importância do anúncio de medidas pontuais para socorrer o setor sucroenergético nessa crise. Ele ainda acredita que são viáveis a isenção do PIS/Cofins sobre o etanol, o lançamento da linha de crédito para estocagem e até o aumento da Cide sobre a gasolina para dar competitividade ao biocombustível.

Na última quinta- feira, 7, porém, o presidente Jair Bolsonaro descartou a medida. “Não acho justo agora aumentar a Cide para salvar o setor. Estamos em um momento de perda de empregos, redução de salários. Minha política é de não aumentar imposto”, disse Bolsonaro.

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