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Direto ao Ponto

'Nossa agricultura é movida a ciência', diz presidente da Embrapa

Celso Moretti defendeu o orçamento da empresa, que foi mantido nos mesmos patamares de 2019, e destacou inovações apresentadas pela empresa, como um bioinsumo para fixação de fósforo e mapeamento genético da ferrugem asiática

Os resultados da pesquisa agropecuária em 2019 e as perspectivas para este ano foram tema do programa Direto ao Ponto veiculado neste domingo, 19, que entrevistou o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti. O dirigente – que foi efetivado no cargo no último dia 7, após assumir interinamente a função em julho do ano passado – ainda comemorou a confirmação do orçamento da instituição nos mesmos patamares de 2019, após um anúncio de que haveria corte de 45%.

Segundo Moretti, o trabalho da instituição e a atuação do Congresso foram determinantes para evitar a redução no caixa da empresa. “Um orçamento respeitável. São R$ 3,7 bilhões. Nós entendemos que dadas as condições que nós tivemos no país foi algo, inclusive, bastante razoável que nós conseguimos”, avaliou.

“Nossa agricultura é movida a ciência e hoje alimentamos 1,4 bilhão de pessoas, preservando 66,3% do território”, acrescentou ao defender a importância da continuidade dos projetos da Embrapa.

Além de contar com orçamento próprio, a empresa busca parcerias com o setor privado para captar mais recursos. “Em 2019, nós assinamos mais de 350 contratos com o setor produtivo, empresas e associações de produtores, [envolvendo] todas as grandes empresas do agro, que trabalham com a parte de defensivos, de pesticidas, a indústria de maquinaria”, afirmou.

Inovações tecnológicas

Celso Moretti destacou três das inovações apresentadas pela Embrapa em 2019. Uma delas é um bioinsumo chamado de BiomaPhos. “Duas bactérias fazem uma dupla dinâmica que disponibiliza o fósforo que está no solo para as plantas”, disse. O fósforo é um dos fertilizantes mais importantes usados na agricultura e hoje o Brasil importa cerca de 5,5 milhões do produto por ano, informou o presidente da Embrapa. Segundo ele, o bioinsumo resultou no aumento de 10% da produtividade do milho.

Outra novidade apresentada pela instituição no ano passado foi o aplicativo Plantio Certo, que “coloca na palma da mão do produtor rural o zoneamento agrícola de risco climático”, disse Moretti.

A terceira inovação citada pelo executivo foi o mapeamento do código genético do causador da ferrugem asiática da soja, responsável por um prejuízo de US$ 2,8 bilhões por ano. “Conhecer o código genético desse fungo vai possibilitar que, a partir de 2020, nós trabalhemos em busca de uma solução”, afirmou o presidente da Embrapa.

Agricultura digital

Moretti também abordou temas que estarão no foco do agro em 2020. Um deles é a ampliação urgente da conectividade no campo. Segundo ele, enquanto o Brasil tem 65% do seu território coberto por internet, na China o índice estaria em torno de 95%. Esse seria um dos motivos pelos quais o Congresso teria aprovado dois projetos para ampliar os investimentos em banda larga no país, lembrou. “Se a gente está querendo falar em agricultura de precisão, agricultura digital, nós temos que avançar no que diz respeito à conectividade”.

Outro desafio a ser superado na agricultura digital é a capacitação do homem no campo, na opinião do presidente da Embrapa. “[Para] Trabalhar na roça precisa estudar, porque há um conjunto de sensores, inteligência artificial, internet das coisas, a possibilidade de se utilizar cada vez mais os drones. Com a chegada das startups, vai ser preciso capacitar melhor ainda nosso produtor”, disse Moretti.

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