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Direto ao Ponto

'Sem pesticidas, metade da produção agrícola do mundo não existiria', diz Abrapa

Consultor da entidade questiona sistema de reavaliação de defensivos no Brasil baseado apenas na análise de perigo; segundo ele, lei está defasada e não condiz com nível tecnológico que agricultura exige

A nova metodologia adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para reavaliação de pesticidas foi tema do programa Direto ao Ponto, que foi ao ar neste domingo, 16. O entrevistado da semana, consultor técnico da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Edivandro Seron, acredita que o sistema brasileiros de considerar apenas a análise de perigo e excluir o risco não condiz com as legislações mais avançadas do mundo.

“Nos Estados Unidos e Austrália, além do perigo, eles avaliam o risco dessas substâncias, a forma de aplicação, culturas utilizadas, doses, tipo de aplicação, manejo, mitigação”, apontou. Nessa sistemática, são levantados todos os quesitos para mitigar riscos de intoxicação dos alimentos, dos consumidores e contaminação do meio ambiente. Outras substâncias como medicamentos e produtos de limpeza também podem ser perigosos se usados de forma inadequada. Por isso, o conceito de risco é importante.

“Por isso, nós acreditamos que é preciso aperfeiçoar, melhorar a legislação para que possam ser introduzidos novos critérios científicos para avaliação desses produtos”, acrescentou, ao lembrar que a lei de registro de defensivos brasileira já tem mais de 30 anos.

Seron reforçou que essa defasagem deixa o setor agropecuário mais vulnerável ao limitar as variáveis de reavaliação. Além disso, uma lei burocrática impede que o Brasil tenha acesso a novas tecnologias, a produtos mais modernos, eficientes e menos tóxicos.

“Os produtores estão preocupados com a retirada de produtos importantes sem a entrada na mesma velocidade de outros que possam substituí-los no mercado. Sem os pesticidas, metade da produção agrícola no mundo não existiria”, alertou.

O consultor da Abrapa lembrou que o registro no Brasil hoje já passa por critérios rigorosos envolvendo o aval do Ibama, Anvisa e Ministério da Agricultura. Conforme Edivandro Seron, desde 2006, foram reavaliados 17 produtos, dos quais 11 foram proibidos no Brasil. Ele mencionou o caso do paraquat, herbicida que, conforme resolução da Anvisa, será banido do mercado brasileiro a partir de 22 de setembro. Ele destaca a opinião do setor produtivo de que não há evidência científica que justifique a retirada do produto e os prejuízos dessa suspensão.

“Produto extremamente importante para agricultura porque é utilizado no manejo do plantio direto e responsável por 30 milhões de hectares no país”, defendeu o consultor da Abrapa.

A resolução da Anvisa abre precedente para que o prazo para a proibição total de uso do paraquat possa ser prorrogado. De acordo com a regra, caso surjam novas evidências científicas, estudos apresentados antes do término do prazo final, que comprovem que o produto não traz malefícios às pessoas em caso de contato direto. “Não existe hoje substituto à altura do paraquat. Não há molécula que possa substituí-lo com a performance que ele tem”, concluiu Seron.

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