Conheça o mangalarga, considerado o principal cavalo de sela do mundo

Raça surgida no Brasil há mais de 200 anos tem andamento que alia agilidade e suavidade

Fonte: ABCCRM/divulgação

Considerado o principal cavalo de sela do mundo, o mangalarga surgiu no Brasil há mais de 200 anos. A marcha é a principal característica da raça, que é considerada única.

“A hora em que você monta no cavalo mangalarga, ele tem uma elegância muito destacada, assim como a docilidade, e é um animal muito cômodo”, afirma o criador Israel Iraídes da Costa, do Haras HIC Agropecuária.

Costa, que é empresário do ramo de frutas, começou a criar mangalargas há 30 anos. Ele ganhou duas éguas e logo se encantou pela raça. O presente foi dado por seu atual sócio no haras, Dirceu Thomaseto, e juntos desenvolveram um dos principais criatórios de mangalarga do país, que já conquistou 12 grandes campeonatos nacionais.

Com passadas firmes e elegantes, a raça atrai a cada dia novos apaixonados. O mangalarga tem morfologia única, com frente leve e pescoço descarnado, garantindo leveza aos movimentos. Paleta inclinada e comprida proporcionam mais conforto ao cavaleiro. Já a garupa forte oferece explosão nos arranques.

Andamento

A marcha do animal é considerada única no mundo. “É um andamento diagonal, bipedal de dois tempos, com um pequeno tempo de suspensão. Consegue juntar a agilidade, que é característica dos andamentos diagonais, e a suavidade, que é característica das marchas”, diz o jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM) João Quadros.

O Brasil é o berço do mangalarga. Os primeiros exemplares surgiram do cruzamento entre animais das raças andaluz e alter, trazidos pela família real portuguesa, com cavalos berberes que já faziam parte do plantel nacional na época. Por volta de 1812, no sul de Minas Gerais, a família Junqueira iniciou o trabalho de seleção que deu origem à formação da raça.

João Quadros conta que, no início do século 19, membros da família levaram alguns de seus animais para o Rio de Janeiro, a capital brasileira na época. “Esses exemplares foram destinados a uma fazenda que ficava em Paty de Alferes, no estado do Rio de Janeiro, chamada Mangalarga. Os animais começaram a fazer sucesso, e quando perguntava que cavalos eram aqueles, o pessoal respondia ‘são da mangalarga’. Ai pegou e até hoje a raça é conhecida assim”, diz.

Em 1934, foi criada a associação dos criadores da raça e ocorreu o registro do primeiro animal em livro aberto. A partir de 1937, o registro passou a ser apenas em regime de livro fechado.

“Só foram registrados a partir desse ano animais que já eram filhos daqueles cavalos que já haviam sido registrados em livro aberto entre 1934 e 1937”, afirma João Quadros.

A raça mangalarga foi pioneira no uso de biotecnologia para clonagem equina. Hoje, há cinco animais da raça clonados. “O mundo voltou os olhos para o Brasil por conta da clonagem e, quando isso ocorreu, passou-se a conhecer mais a raça”, diz a médica veterinária Perla Fleury, da In Vitro Brasil Clonagem.

O atual plantel da raça é de cerca de 200 mil animais, e a maior parte deles está localizada em São Paulo. A associação reúne perto de 4.000 criadores. “É uma raça que, mesmo em tempos de crise, segue crescendo e supera mais esse obstáculo. Tenho certeza de que vamos manter essa expansão nos próximos anos e posicionar o cavalo mangalarga em todos os cantos do país”, diz o presidente da ABCCRM, Mário Barbosa.