Com origem europeia, a raça caracu é bastante procurada no segmento do gado de corte por permitir o cruzamento com as mais diversas raças, obtendo um excelente resultado e rentabilidade ao criador. Uma das grandes vantagens deste animal é a rusticidade e a capacidade de adaptação ao clima tropical, pastos de baixa qualidade e às parasitoses.
Presente no Brasil desde o período colonial, principalmente em Sergipe, Ceará, Bahia e Pernambuco, a seleção mais antiga, que teve início em 1893 na região de Poços de Caldas (MG), persiste até hoje.
Criador de Caracu há 15 anos, o pecuarista e vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Caracu (ABC Caracu), David Batista, ressalta a boa aclimatação do animal no país. “Ele é um europeu feito no Brasil, já aclimatado. Nós podemos destacar que ele é o primeiro gado brasileiro que começa a fazer um controle zootécnico”, ressaltou.
Cruzamentos
Existem, desde 1980, estudos de melhoramento genético e cruzamento industrial, desenvolvidos pela Embrapa, entre a raça caracu e o nelore. O objetivo deste cruzamento é obter animais ainda mais rústicos e preservar a qualidade do leite e da carne.
“O caracu puro é utilizado para aumentar a heterose no cruzamento com o nelore. A gente consegue trazer mais precocidade para o animal cruzado, que será um boi que vai ter uma terminação mai adiantada em relação ao puro, pois será um animal mais pesado e com fertilidade maior, além de ter uma carcaça superior. É isso que a gente busca produzindo o caracu puro”, falou o veterinário Romeno Sarkis.
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David, que tem uma relação emocional muito forte com o caracu, buscou os melhores touros do Brasil para começar a fazer controle zootécnico e a seleção da raça para venda. “Eu tenho uma ligação familiar com a raça, que está presente na minha família há mais de 150 anos. Esse era o animal que dava a carne mais gostosa e o leite mais saboroso, além disso,, me lembro de quando era criança, de ser o animal mais manso e com o chifre mais bonito. Isso me marcou bastante”, relembra.
Apesar da experiência familiar com a raça, David procuro a Embrapa para conseguir a melhoria genética para o seu rebanho. “Precisava encontrar um gado de sangue europeu para fazer um choque sanguíneo com o nelore. Passei a fazer um caracu com melhoramento genético, produzindo um gado mais seletivo e selecionado”, ressalta.
David aproveitou todo o conhecimento e a oportunidade na Embrapa para criar e reproduzir touros. Ele faz inseminação artificial em tempo fixo e repasse dos touros com a monta natural. Sua produção chega em torno de 90%. Segundo ele, é um investimento rentável.
“O objetivo da fazenda é reproduzir touros. A gente faz genética. Cerca de 90% dos meus clientes são criadores de gado zebuíno, que usam o Caracu para fazer o cruzamento industrial e para promover a heterose. Essa raça tem pouca mídia, mas o resultado é excepcional”, disse.
Os efeitos da seca em Goiás neste ano não refletiram tanto na raça caracu. Esta raça consegue se manter apenas com uma alimentação à base de sal mineral, água e capim seco. Além de possuir baixo custo, o que compensa financeiramente aos criadores e selecionadores.
“É um cruzamento que está provado, pois conseguimos o marmoreio do caracu com esse produto cruzado. É um animal que tem uma conversão alimentar muito alta e você consegue manter ele no pasto a um custo muito baixo”, ressaltou Romeno Sarkis.
