De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado nesta sexta-feira, 16, a China representou 68% do saldo da balança comercial brasileira em 2020, até setembro. No acumulado do ano, o superávit total foi de 42,2 bilhões de dólares, segundo maior para o período da série histórica.
Segundo o comentarista do Canal Rural Miguel Daoud, a relação econômica Brasil-China possui aspectos positivos e negativos para o país sul-americano. “Por um lado, o Brasil acaba sendo muito beneficiado pelas exportações por conta do câmbio elevado. Porém, a dependência econômica com o país asiático, assim como o desabastecimento do mercado interno de alimentos já têm gerado impactos, sendo esse um dos motivos do Brasil estar buscando zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de alimentos como soja, arroz e trigo de países fora do Mercosul e isso que pode gerar demandas inflacionárias “, diz.
Para o comentarista, é necessário que o Ministério da Agricultura realize um mapeamento geográfico e incentive a produção de alimentos que possam faltar no mercado brasileiro, para atender a demanda interna e externa. “O Brasil não consegue crescer sustentavelmente por conta de deficiências estruturais e esses problemas não são resolvidas porque não há medidas do Congresso para conter esse desequilíbrio alimentar no país”, finaliza Daoud.
Daoud afirma que o gigante asiático tem fortalecido seu mercado interno de alimentos devido a disputa comercial entre o país e os Estados Unidos por novos mercados e tecnologias. “A China precisa de uma segurança alimentar porque independente de quem ganhe a eleição norte-americana, essa disputa entre os países vai se estender. E essa segurança está garantida, porque o Brasil é o único país do mundo que pode atender essa demanda”, comenta.