Em Machadinho do Oeste, a 350 quilômetros de Porto Velho (RO), a tecnologia é transferida através do Projeto Arco Verde, liderado pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e iniciado em 2011. O trabalho é uma continuação às ações do Mutirão Arco Verde Terra Legal, lançado em 2009 pelo Governo Federal, em 43 municípios prioritários da Amazônia Legal, com a finalidade de contribuir com a transição de um modelo de produção predatória para um novo modelo de produção sustentável.
Desde que implantou a tecnologia, em novembro de 2011, o produtor Marcelo Soares aumentou a produção de leite da propriedade, de 70 para 185 litros diários. As vacas em início de produção têm piquete próprio, medindo apenas 2,5 hectares. Antes disso, o produtor as mantinha em uma área de 40 hectares com todo o resto do rebanho.
– A média de produção de leite, por dia, subiu de 1,75 para 38 litros por hectare de pastagem – declara o produtor.
A zootecnista da Embrapa Rondônia, Elisa Osmari, explica que o manejo de pastagens envolve um conjunto de ações que consistem na avaliação prévia da área, para verificar se há necessidade de renovar ou apenas de recuperação. A análise de solo é indicada para diagnóstico e recomendação de uso de calagem e adubação.
– A escolha da gramínea a ser usada é feita em conjunto com o produtor para avaliar, por exemplo, a disponibilidade de recurso financeiro dele, topografia e as condições climáticas – diz.
Segundo Elisa, tanto para a recuperação quanto para a renovação, é preciso fazer um planejamento. Nele, deve conter o número mínimo de animais que a pastagem pode suportar em determinado período de tempo de pastejo e a indicação de uso de cerca elétrica para divisão em piquetes menores.
– O manejo rotativo leva em consideração a altura da forrageira para a entrada e saída dos animais em cada piquete, para fechar um ciclo de tempo chamado de ocupação. Por exemplo, cerca de dois a três dias na época de chuvas, seguido de um período de descanso, ou diferimento de 30 dias, que seria o tempo que o animal leva para retornar ao mesmo piquete. Mas isso vai depender também da espécie escolhida, época do ano e do nível de adubação – informa a zootecnista.
Tal manejo permite a utilização mais racional da pastagem, pois com diferimento adequado da área, o produtor pode reservar parte da forragem para períodos mais críticos e usar de maneira mais eficiente o pasto sem degradá-lo nas chuvas.
Suplementação
O pacote tecnológico do Projeto Arco Verde, em Rondônia, também inclui a suplementação de cana de açúcar + ureia. A tecnologia visa manter a produtividade dos rebanhos no período seco. De acordo com Elisa, como a cana possui alto teor de açúcares e, consequentemente, energia, a adição da mistura de ureia e sulfato de amônia – ricos em nitrogênio e enxofre, respectivamente – permite melhorar o baixo teor proteico da cana e, dessa maneira, equilibrar o valor nutricional para as vacas, já que o capim perde valor nutritivo no período da seca.
Ela explica que, logo após a primeira ordenha da manhã, os animais devem receber a cana para alimentação em local coberto e também devem ter acesso aos cochos com sal mineral. Depois disso, eles podem seguir para o pastejo.
– Fornecer a cana no período após a ordenha, no qual os animais permanecem em pé para ingerir o suplemento, além de otimizar a ingestão de cana, também possui outra vantagem que é permitir tempo suficiente para o fechamento dos esfíncteres dos tetos, isto é, os orifícios por onde sai o leite, o que ameniza o risco de contaminação dos mesmos – diz Elisa.
O acompanhamento de um técnico é importante para evitar casos de intoxicação por erro de manejo, como acúmulo de água no cocho do fornecimento, interrupção do fornecimento, esquecimento da cana no sol ou restos da mesma no cocho, gerando fermentação indesejável.
– A cana possui boa produtividade, sendo que mesmo 1,5 hectare bem implantado, com um nível de adubação mínima em relação a outras culturas, pode atender 15 vacas em lactação durante a seca, deixando livres outras áreas tanto para outras atividades como para a preservação ambiental – finaliza a zootecnista.
Também fazem parte da rede do Projeto Arco Verde: Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Embrapa Roraima, Embrapa Meio-Norte (PI), Embrapa Cocais (MA) e Embrapa Agrossilvipastoril (MT). O trabalho é uma continuação às ações do Mutirão Arco Verde Terra Legal, lançado em 2009 pelo Governo Federal, em 43 municípios prioritários da Amazônia Legal, com a finalidade de contribuir com a transição de um modelo de produção predatória para um novo modelo de produção sustentável.