O recém-lançado Programa Nacional de Bioinsumos foi tema do Direto ao Ponto deste domingo, 14. Depois de três anos de desenvolvimento em parceria com setor produtivo, a iniciativa do Ministério da Agricultura promete cobrir todas as pontas da cadeia de produtos biológicos, desde a normatização para registro à pesquisa e incentivo à produção por empresas grandes e pequenas e até pelos próprios produtores.
Segundo o diretor do Departamento de Apoio à Inovação do Ministério da Agricultura, Cleber Soares, a agricultura vai entrar num terceiro ciclo após passar pela revolução verde e pelos sistemas integrados de produção. “O Brasil tem uma oportunidade ímpar de construir uma nova agricultura para o futuro, que é a agricultura de base biológica”, pontuou.
Soares acrescenta que o país tem uma posição privilegiada por ter a biodiversidade do planeta com farta matéria-prima. “O mundo inteiro tem olhado para nossa biodiversidade como uma forma de uso e aplicação sustentável. O programa de insumos é uma base para alavancar o primeiro grande passo na bioeconomia”. Além das vantagens ambientais, os bioinsumos são um bom um negócio.
De acordo com a Croplife Brasil, o mercado de biodefensivos movimentou R$ 675 milhões no país, crescimento de 15% em relação a 2018. Essa expansão foi superior à média internacional que foi de 10%, também conforme a associação que representa as indústrias de desenvolvimento e inovação nas áreas de biotecnologia, germoplasma, defensivo químico e biodefensivo. Hoje, soja, cana-de-açúcar e café são as culturas com maior área tratada com defensivos biológicos. Atualmente, existem 265 produtos de defensivos biológicos registrados no Mapa, entre bioacaricidas, bioinsecitidas, biofungicidas e bioformicidas.
“Não há grandes expectativas de revoluções tecnológicas e normativas nos setores de químicos como um todo e não só na agricultura. O mundo inteiro tem olhado os ativos de base biológica como uma nova transformação”, completou o diretor do Mapa.
Cleber Soares explicou que o programa envolve o desenvolvimento e registro de produtos para área vegetal com a função do controle de pragas, assim como a fertilidade do solo e nutrição das plantas com defensivos e fertilizantes. Também prevê os insumos voltados para a saúde animal como os fitoterápicos no combate a doenças, carrapatos, moscas, verminoses, entre outros. Além disso, engloba a cadeia aquícola, tanto para a saúde do pescado como para a qualidade da água.
O dirigente do Ministério da Agricultura ainda informou que a ideia é que a Embrapa mantenha um grande banco de bioinsumos, em parceria com outras intuições de pesquisa, para que produtores de todo o país possam ter acesso a esse material.
O incentivo ao uso e à produção também virá por meio de linhas de crédito inseridas em programas já existentes, como o Inovagro (financiamento para incorporação de inovações tecnológicas nas propriedades rurais, visando ao aumento da produtividade e melhoria de gestão). No caso das cooperativas, os recursos poderão ser acessados por meio do Prodecoop.
“Isso é bom para todos, bom para o pequeno produtor, bom para o médio produtor, bom para o grande produtor. É bom para todas as companhias, sejam as startups, as multinacionais. Não tenha dúvida que isso vai ser benéfico para o produtor, assim como vai ser benéfico para o consumidor”, concluiu.