O diretor da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Júlio Cezar Rocha, afirmou a posição contrária da entidade quanto a possibilidade de obter o status livre de aftosa sem vacinação no estado. Segundo ele, o grande número de animais, a extensão territorial mato-grossense, as dificuldades de fiscalização e a fronteira de 800 km com a Bolívia, além de vários estados brasileiros, são alguns motivos para manter a prática atual. Apesar disso, alguns produtores e representantes do setor defendem o certificado de área livre da doença sem a vacina. “É temerário. É um risco desnecessário”, concluiu.
Os criadores que defendem a retirada da vacinação alegam que o status trata possibilidade de abertura de novos mercados externos para a carne bovina do Mato Grosso. A Acrimat, no entanto, avalia que a alternativa para valorizar o produto nacional é investir no marketing, a exemplo de países como Uruguai, Argentina e Austrália. Segundo Júlio Rocha, o boi criado a pasto, como grande parte do rebanho zebuíno brasileiro, apresenta camada menor de gordura do que o gado europeu, mas é localizada na parte externa. Para ele, muitos países tentam controlar a expansão da bovinocultura do Brasil, impondo barreiras comerciais. “Mercado não pode se abrir, porque se abrir o Brasil toma conta”.
Rocha falou ainda sobre o fechamento de algumas plantas frigoríficas no país. Segundo ele, tratou-se de estratégia entre os donos para diminuir a concorrência entre eles e não chegou a afetar os criadores de gado. Ele conta que a oferta de animais está reduzida, devido a áreas de pasto que foram transformadas em lavouras e o abate de fêmeas nos últimos anos. Quanto ao preço do produto, ele avalia que a diferença no varejo é muito grande e necessita de equilíbrio. Ele também defendeu os pequenos abatedouros, para atender demandas municipais ou regionais.