No último domingo, o programa Direto ao Ponto trouxe uma entrevista exclusiva com o Secretário de Infraestrutura e logística (Sinfra) e Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Transporte, Marcelo Duarte, na qual foram abordados os principais problemas das estradas do país, assim como o cenário político atual.
Segundo Duarte, o Brasil é um país que investe muito pouco do seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura em comparação com os países mais desenvolvidos como a China, que investe 7% até 8% de seu PIB em infraestrutura, enquanto o Brasil chega a apenas a 2% do PIB.”Isso é infraestrutura geral e não estou falando só de estrada. Infraestrutura geral envolve saneamento, telecomunicação, energia e também a parte de transporte. Então gera 2%, quando na verdade deveria ser pelo menos o dobro”, falou.
Ele explica que isso ocorre porque o país não tem um programa de concessão estruturado e que ainda estamos descobrindo o caminho para aprimorar esse modelo de infraestrutura. “Estamos com problemas de concessão em Mato Grosso. Fizemos o primeiro leilão da Bovespa em fevereiro e foi um sucesso, os dois lotes, foi uma modelagem que, São paulo nos inspirou , pois eu vejo que ali tem a melhor forma de concessão do país. Por isso que as melhores estradas do país estão em São paulo, que é o estado mais desenvolvido e que mais cresce.”
Duarte fala ainda sobre as dificuldades que agricultores e comerciantes enfrentam na hora de escoar a produção. “Carga de longa distância tem que ir pra ferrovia, pois as rodovias precisam seguir cada vez mais os modelos dos EUA, onde o caminhão não pode andar mais que 300 quilômetros e distância maiores precisam transitar por hidrovias ou ferrovia. Esse é um desenho que ainda está engatinhando no país”, contou.
Política
O secretário lembra sobre as dificuldades que encontrou ao chegar no setor público do estado de Mato Grosso, onde promoveu em seu primeiro ano de trabalho um choque de gestão. “Nós tínhamos vícios enormes dentro da Sinfra. A primeira coisa que fizemos foi mudar pessoas, trabalhando com gestão e entendendo que tudo passa pelas pessoas, tanto na competência quanto na índole. Eu trouxe minha equipe, com pessoas da minha confiança, e comecei a implantar um modelo de gestão transparente e inspirado em órgãos federais como o Dnit, que tem um modelo de gestão muito afinado”, explicou.
Sobre as expectativas para o cenário político atual do país, Duarte acredita que estamos em um processo de mudança cheio de incertezas.”Eu vejo que estamos passando por uma situação em que o cidadão está muito incrédulo com a política e com os político. Um simples julgamento no Supremo virou jogo de futebol, com as pessoas estão torcendo para um lado ou outro.”
Ainda assim, Duarte acredita que o país pode mudar. Entretanto, essa mudança levará um pouco mais de tempo.”O sistema é complexo, em que os poderes estão em conflito entre si. A renovação vai gerar uma expectativa de mudança rápida, mas as mudanças precisam ser mais profundas!”, contou ressaltando a importância do aumento do interesse do cidadão comum na política.
O secretário falou ainda sobre a importância do produtor rural lutar por seus direitos e sobre sua obrigação em procurar entender e participar da política local.” Não adianta o produtor querer ir para Brasília se em sua própria cidade não há o interesse pela gestão. Devemos deixar de lado o radicalismo, pois não adianta depositar todas as esperanças em uma única pessoa. Não existe salvador da pátria e a gente precisa entender um pouco mais disso para não ser massa de manobra“, contou.