Direto ao Ponto

Brasil quer melhorar imagem do setor agropecuário no exterior

Representantes do governo e entidades do setor discutem estratégias de comunicação para esclarecer consumidores sobre a produção sustentável de alimentos do país

Melhorar a imagem da agropecuária brasileira no exterior e promover a ampliação das exportações do agro com maior diversificação dos produtos vendidos lá fora. Esses foram os temas debatidos durante o programa Direto ao Ponto deste domingo, 1º, pelo gerente de Agronegócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Igor Brandão, e o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto. Assuntos como a sustentabilidade da produção de alimentos do Brasil foram destaque no foco que o setor e o governo pretendem atuar no exterior.

Durante o programa, Brandão explicou que a Apex tem duas missões principais: promover os produtos brasileiros nos mercados internacionais e fomentar as exportações, além de atrair o capital estrangeiro produtivo para o Brasil. De acordo com o representante da Apex, a agência quer intensificar a agenda voltada para o agro.

“Hoje a gente tem parcerias com 20 segmentos do agronegócio, e há uma intensificação na agenda de agregação de valor. Ao mesmo tempo, há variáveis que são trabalhadas no contexto da Apex com outros setores do agro de grandes volumes. Suco de laranja, café e açúcar são setores estratégicos da nossa pauta”, destacou.

Segundo Brandão, uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) traçou um diagnóstico sobre os pontos que devem ser trabalhados para melhorar a imagem do país lá fora. “Ela fala um pouco das origens desses erros de comunicação, e os grandes veículos têm relevante influência”. Além disso, ele afirma que não é raro encontrar porta-vozes brasileiros em eventos internacionais levando informações equivocadas.

Já o representante da CitrusBR disse que criticar o setor agropecuário brasileiro virou estratégia de negócio para outros países produtores de alimentos. “Atacar hoje o Brasil é uma oportunidade de negócios para esses países. Ele (Brasil) é muito importante em vários setores, não só no suco de laranja. A gente exporta 95% do que a gente produz. Quanto mais a gente conseguir elevar a imagem do Brasil, mais elevada será a imagem das nossas empresas”, afirmou.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é uma peça importante nessa questão da imagem disseminada sobre a produção de alimentos no Brasil. O representante da Apex destacou que, em relação a outros países, a legislação de proteção florestal é bastante rigorosa e o que falta é saber comunicar essas informações aos consumidores dos produtos nacionais. E, para averiguar esses dados, a Apex-Brasil e a Sociedade Rural Brasileira (SRB) fizeram um estudo que compara a legislação de proteção florestal e de controle do uso da terra em propriedades rurais com outros países.

A pesquisa avaliou como as normas são aplicadas em sete dos maiores países exportadores de produtos agropecuários. “A nossa legislação é segura e robusta. Comparando a legislação florestal de diferentes países, concluímos que as leis brasileiras possuem um grau de proteção de vegetação bastante alto. É um elemento diferenciador de nossa produção que pode e deve ser explorado em negociações comerciais”, disse Igor Brandão.

O gerente da Apex reconhece que a comunicação é a ferramenta mais importante para aproximar o agronegócio do Brasil com os grandes centros urbanos. “A gente fala pouco no mercado internacional. As empresas precisam estar presentes, as associações também”, destacou.

Nessa linha, a Apex-Brasil e a CitrusBR assinaram um convênio que contempla ações desenvolvidas em duas frentes: estudos de sustentabilidade (como uso da água) e renovação da imagem do suco de laranja, desde a capacitação para a exportação, posicionamento e imagem do alimento. “A gente tem um programa constante em que nós convidamos os cônsules, os embaixadores para conhecerem o setor, e eles vão conhecendo o nosso centro de pesquisa, pesquisas que acontecem de sustentabilidade, e assim a gente vai mostrando para eles um pouco da realidade do que a gente vive. A gente dá argumentos para que eles possam nos defender”, esclareceu Ibiapaba Netto.

Além disso, informou Igor Brandão, o governo federal lançou a campanha publicitária “Brazil by Brasil” para melhorar a imagem do Brasil no exterior. Os materiais têm como foco o meio ambiente e o agronegócio brasileiro. A intenção é divulgar as informações nas redes sociais, mas também em veículos de TV e rádio tanto no Brasil como nos Estados Unidos e em países europeus.

Novos mercados

Pela dinâmica do agro brasileiro e pelo fato de o país ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, Brandão ressalta que há grande potencial para ampliar a parceria com países como China e Índia. “O mercado asiático tem aparecido muito nos nossos estudos. A nossa equipe de inteligência tem batido muito nessa tecla, não só aqui em Brasília, mas acionando essa rede internacional, dos nossos postos diplomáticos, dos escritórios da Apex no exterior. Existem vários dados que são incontestáveis, ou seja, 50% da classe média mundial vai estar na Ásia até 2030”, afirmou.

A explicação para toda essa demanda se dá justamente pelo fato de a população desses países asiáticos estarem cada vez mais exigentes com mudanças nos hábitos alimentares. “Eu acho que tem muito trabalho para fazer principalmente em produtos novos, produtos da biodiversidade amazônica. Há uma demanda muito grande para açaí, mel, vinho, cachaça”, disse Igor Brandão.