Apesar de o café ser uma bebida vinculada ao poder de manter as pessoas acordadas, é uma medida do governo que vem tirando o sono dos produtores do grão no Brasil. Em 2015, uma portaria do Ministério da Agricultura autorizou a importação do café verde do Peru. Após pressão do setor, a decisão foi suspensa. Mas no dia 9 de maio deste ano, uma nova resolução da pasta liberou a compra do produto peruano. A medida foi tomada na gestão da ex-ministra Kátia Abreu. O novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, assumiu o comando do órgão dias depois e garantiu que iria revogar a autorização. No entanto, nenhuma iniciativa oficial foi publicada até agora.
Esse foi um dos temas da entrevista com o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, que vai ao ar no programa Direto ao Ponto deste domingo, 19 de junho. Para ele, a autorização da importação do café peruano não faz sentido e ainda traz riscos aos produtores brasileiros.
Além da concorrência desleal, já que o Peru não segue as mesmas regras trabalhistas e ambientais do Brasil, existe um grande perigo fitossanitário. De acordo com o CNC, importar o grão pode ocasionar a entrada de pragas já erradicadas no país, não só na cafeicultura, mas em cultivos como o do cacau.
Silas criticou a medida e analisou que o setor precisa de mais segurança, já que dá resultados de US$ 6,7 bilhões por ano na balança comercial. Em relação ao preço, ele afirma que o ideal era estar R$ 650,00 e está em R$ 500 a saca.
Marketing
O presidente do CNC também ressaltou que é preciso investir em marketing e propaganda do café brasileiro. Segundo ele, não existe produto melhor no mundo, mas a falta visão do governo para valorizar a imagem do grão.
Silas Brasileiro criticou, por exemplo, a inexistência de ações durante a Copa do Mundo FIFA em 2014, momento oportuno para divulgação internacional. O mesmo vai acontecer com a Olimpíada, na avaliação dele.