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Censo Agropecuário

Censo: produtor é mais sustentável, mas falta investimento

A análise é do coordenador de sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias. Para ele, o estado deve investir em capacitação para o médio e pequeno produtor

Dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 do IBGE revelam que o produtor brasileiro tem cumprido com rigor as exigências ambientais. A informação é do coordenador de sustentabilidade da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias, entrevistado do Direto ao Ponto deste domingo, dia 12.

 

“O que o censo diz é que houve um aumento das propriedades rurais na ordem de 5%. E, se você for constatar onde foi esse aumento, mais da metade está nas matas naturais: áreas de APP, reserva legal e áreas naturais incorporadas ao sistema produtivo”, afirma.

 

Segundo Ananias, isso significa dizer que, ao declarar seus dados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o produtor tem sido cauteloso com as informações, sobretudo com os seus passivos e com as áreas de preservação que estão em suas propriedades.

“Cerca de 66% do território brasileiro é vegetação nativa, e metade está dentro das propriedades rurais no Brasil, já excluindo áreas de preservação permanente e reserva legal”, explica.

 

Outra estatística que reforça a conclusão de Ananias é o aumento da produção de grãos, cana, café e frutas sem necessariamente expandir a área de plantio. Para o especialista em sustentabilidade, mesmo sem saber, o produtor brasileiro tem agregado valor ao sistema desde 1975, quando produção e produtividade tiveram um boom de crescimento.

 

“Quando eu verticalizo o meu negócio, ou seja, produzo mais no mesmo espaço, eu deixo de abrir novas áreas para suprir a quantidade. Isso é ser sustentável”, afirma.

 

No entanto, para Ananias, o Censo revelou ainda que é preciso investir em conhecimento para o pequeno e médio produtor. “A gente tem um nível de instrução muito aquém do que se deseja, principalmente na atividade agropecuária, que representa um terço do PIB. Nós precisamos capacitar. Não adianta ter só o conhecimento e não levar até a ponta. Os grandes produtores têm recursos para absorver isso, mas o pequeno e médio produtor precisam que o estado leve isso até ele”, diz.

 

Segundo o entrevistado, esta variável está associada ao crescimento sustentável do agronegócio, porque o produtor toma consciência da necessidade do uso de novas tecnologias e preservação dos recursos hídricos, por exemplo. “O que a gente precisa é transformar a sustentabilidade na qual você tem um eixo econômico, social e ambiental em diferencial competitivo.”

 

Ananias reitera que a CNA tem tentado levar o trabalho de extensão para seus associados por meio do Senar, das parcerias, e os dados do Censo vão ajudar na elaboração de políticas específicas para os problemas identificados.  

 

“Não é só disponibilizar o conhecimento. É pegar e colocar na mão do produtor e dizer como se aplica e isso gera retorno”, conclui.

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