O programa Direto ao Ponto deste domingo, 27, discutiu a participação brasileira na 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26). Na visão de um dos participantes, o assessor especial do gabinete da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ), Fernando Zelner, a conferência é relevante para os próximos anos da agricultura mundial, e a posição brasileira tem que ser ouvida.
“É uma cúpula que tem uma importância grande, porque vai definir rumos no desenvolvimento futuro dos sistemas alimentares. E o Brasil, como potência agroambiental, tem que participar dessa discussão”, disse o assessor.
Outro convidado do programa foi o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Ibiapaba Netto, que disse existir uma polarização entre o sistema de produção europeu e o sistema brasileiro. “Eu tenho um pouco de receio de que os grandes avanços da agricultura tropical brasileira, principalmente na área de sustentabilidade, não sejam levados em consideração por uma questão de narrativa”.
Na mesma linha, o membro da Champions Network da Organização das Nações Unidas (ONU), Sérgio Bertolozzo, concordou que há um embate de pontos de vista dentro da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). “Parece que o mundo e, principalmente, os setores formadores de opinião ainda não conseguiram entender claramente que nós temos uma agricultura sustentável, um exemplo a ser seguido, e que o Brasil pode ser um grande abastecedor para o futuro, de forma sustentável”.
Também há uma preocupação do governo com esse discurso, segundo o assessor especial do Ministério da Agricultura. Ele disse que a pasta vem trabalhando para demonstrar que não existe essa oposição.
“O que o Brasil tem defendido é que todos os sistemas produtivos têm o seu papel na construção da sustentabilidade. Quer dizer, se houver sustentabilidade, todos os sistemas são válidos, seja agroecologia, a produção orgânica, o agronegócio, a agricultura familiar”.
Fechamento europeu
Para Ibiapaba Netto, algumas exigências ambientais e socioambientais para compra de produtos brasileiros por países europeus demonstra que o continente está querendo blindar o mercado interno. “Isso é uma clara atitude no sentido de fechamento de comércio”, afirmou o diretor-executivo da Citrus BR.
O membro da Champions Network da ONU também alertou sobre a falta de alimentos no futuro, caso essas exigências sejam excessivas e encareçam a produção alimentar. “Se a demanda aumentar e a oferta não aumentar da mesma forma, é o caminho de um caos social lá na frente”.
COP26
A conferência que irá debater as mudanças climáticas em Glasgow, na Escócia, está marcada para entre os dias 1º a 12 de novembro. Um dos focos em discussão será a produção e a segurança alimentar sustentável.
A COP26 aconteceria no ano de 2020, mas foi adiada pela ONU devido a pandemia do coronavírus.
*Sob supervisão de Letícia Luvison