O Brasil fechou o ano de 2016 com um Valor Bruto de Produção (VBP) em R$ 527,9 bilhões, cerca de 1,8% abaixo da média de 2015. Todavia, para este ano de 2017, a expectativa é de que o país cresça em torno de 5%. “As perspectivas são boas. Espera-se um valor bruto da produção agropecuária em torno de R$ 545 bilhões”, afirma o economista José Garcia Gasques. O entrevistado ocupa hoje o cargo de coordenador de Análises e Estudos do Ministério da Agricultura e foi um dos responsáveis pela reunião destas estatísticas.
De acordo com ele, a perspectiva é de que haja uma melhoria na maior parte de atividades das lavouras como soja, milho, cana-de-açúcar, feijão e algodão. Para a pecuária, embora com projeções mais modestas, a expectativa é também de aumento em resultados. “Há uma projeção de ganhos altos em produtividade. A área deve se expandir em 1,3%. E a produção deve aumentar em torno de 15%”, reitera.
Já em relação aos números de 2016, em comparação com 2015, Gasques explica que são reflexo das diversas intempéries climáticas e a queda de preços, sobretudo na pecuária. “Nós tivemos um efeito das perdas muito grande em áreas de cerrado do Centro-oeste e Nordeste, em estados que se tornaram produtores importantes de grãos como Bahia, Piauí. De modo que a redução do faturamento na agropecuária também foi devido a secas que afetou bastante o milho. Tivemos uma perda de mais de 20 milhões de toneladas.”
Pesquisas e investimentos
Para Gasques, é necessário investir em pesquisas porque os números apontam que elas são uma das principais responsáveis pelo aumento da produtividade a agricultura brasileira, apesar dos números de 2016. Todavia, vale lembrar que os resultados vêm sempre à longo prazo.
“Tem coisas que não mudam de imediato. A pesquisa tem efeito cumulativo. Esses resultados que obtemos hoje de grande produtividade, são efeitos de pesquisas feitas há muitos anos. Os resultados se estabilizam mais a partir do quinto ano”, afirma.
Os gastos com pesquisas giram em torno de R$ 3 bilhões ao ano. Orçamento que está dentro das possibilidades do Brasil, mas que, para Gasques, é pouco em relação ao tamanho do território. “O Brasil se tornou importante no mercado internacional da carne e grãos, por isso é importante sempre manter o trabalho de pesquisa.”
Por falar em investimentos, o economista também avalia que a subvenção do governo com a agricultura brasileira está longe de ser a ideal. “Os estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que o Brasil é um dos países que menos protegem a agricultura no sentido de gasto que ele faz com crédito e política de preço. Se gasta pouco com o produto da agricultura. Estamos entre os três países que menos gastam”, fala. Enquanto o país destina em torno de 4% do valor gerado pela agricultura, países como Japão e Estados Unidos investem cerca de 20% do valor bruto de produção.