O analista de mercados e gerente de Produtos Agropecuários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thomé Guth, acredita que a conjuntura para o milho é preocupante em questão de preço. A expectativa é de que a área cultivada com o grão na segunda safra aumente e ultrapasse as 90 milhões de toneladas na temporada 2018/2019. Com produção e estoques em alta, o valor da saca já fica pressionado. Mas questões como o tabelamento do frete e uma possível queda do dólar, com o andamento de reformas do novo governo, podem baixar ainda mais a remuneração ao agricultor brasileiro.
Guth, entrevistado do programa Direto ao Ponto, deu o exemplo de Mato Grosso, onde a saca de 60 kg de milho é comercializada entre R$ 19 e R$ 20 atualmente, mas com projeção de R$ 16 para o segundo trimestre de 2019, abaixo do preço mínimo para o ano.
Além do cenário nacional, as boas safras nos principais países produtores mundiais também pressionam o mercado. “Estamos vindo de uma safra cheia nos Estados Unidos, Argentina e Ucrânia. No Brasil, a expectativa de safra boa, fala-se em 90,5 milhões de toneladas, o que pode ser ajustado e ainda ser maior. Se for maior, vamos ter que exportar pelo menos 30 milhões de toneladas e vai virar estoque alto”, diz o analista.
Dois pontos são determinantes na conjuntura do mercado de milho, segundo ele: o impacto da tabela de fretes no preço do grão e a variação cambial. “O tabelamento de frete pesa muito sobre preços internos, e hoje temos questão cambial. Dependendo do novo governo, da reforma da Previdência, se o mercado entender que isso vai começa a andar, naturalmente vamos ver o dólar cair e aí afeta muito. A paridade de exportação fica mais baixa, há o peso do frete e tem uma sistemática de estoque alto e pressão sobre os preços”, afirma Guth. A orientação do analista para o produtor é não perder oportunidades de negociação quando houver rentabilidade.