Embora a produção de soja no Brasil tenha mostrado vigor nesta safra, os sojicultores estão passando por algumas dificuldades, como aponta o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, entrevistado do Direto ao Ponto deste domingo, dia 24.
“Não somos nós que colocamos preços em nossos produtos. Quem define é Chicago, e as tradings não falam qual é o real estado do mercado. Tem a questão do valor do dólar e a economia brasileira”, afirma o presidente.
De acordo com ele, os preços não estão garantindo renda e há um acúmulo de passivos para os produtores. Marcos da Rosa afirma que foi apresentado um estudo recentemente na Câmara Setorial da Soja e que ele revela que os custos de produção estão iguais à rentabilidade. Em alguns estados, a conta está inclusive negativa, como comenta o apresentador do programa Glauber Silveira.
Outros problemas financeiros também apareceram no meio do caminho. “Nós estamos empurrando a bola. Por exemplo, o Funrural. Não contávamos com isso. Estamos tentando parcelar, mas vêm os custos. Por outro lado, o Senado Federal está com a história de taxar as exportações e acabar com a Lei Kandir.”
A solução, segundo Rosa, é olhar para frente. “Estamos entrando em um ano eleitoral, estamos com um projeto de nação brasileira porque sem rentabilidade a população não vai bem. Um mês você tem inflação alta, no outro mês inflação baixa, por quê? Uma superprodução de carne, de soja, de milho. Inverteu esse processo, produtor não conseguiu produzir tanto, produtor se endividou, inflação alta. Nós não podemos ter essa oscilação.”
Para Rosa, é necessário fortalecer ainda mais a representatividade do setor no Congresso Nacional. “Nós temos uma Frente Parlamentar da Agropecuária forte, que é coordenada tecnicamente por um instituto nosso que dá toda a base do que é bom e ruim para nós. E mesmo assim ainda enfrentamos muitas dificuldades”, diz.
A ideia é que o produtor pense bem em seu representante nas eleições do ano que vem, ao mesmo tempo em que o próprio setor se fortaleça. “Se um produtor fala que a FPA não lhe representa, ora as entidades também não representam porque o trabalho da FPA é combinado conosco através do Instituto Pensar Agro”, reitera.
Marcos da Rosa diz que, neste processo de fortalecimento, é preciso que o produtor tenha conhecimento de causa para poder falar e não se basear em notícias falsas. “Ele precisa participar do sindicato, das associações, tirar suas dúvidas. Há muitas pessoas boas ainda que largam suas atividades pessoais para cuidar do bem de todos”, recorda.
Perspectivas
Lei de Terras para estrangeiros e proteção de cultivares são algumas dos temas que o Legislativo deve se debruçar para o ano que vem, à luz dos conselhos das entidades.
“As multinacionais não têm uma garantia real de empréstimo que elas fazem pra nós. Olhando de maneira muito simples, isso não significa que uma empresa virá ao Brasil para plantar milhões de hectares de soja, mas é para garantir os financiamentos”, afirma.
Já a lei de Proteção de Cultivares divide as entidades e a tramitação se arrasta por dois anos. A Aprosoja apoia as mudanças. “Porque o produtor precisa pagar pelo germoplasma? É para fortalecer os pequenos inventores e as pequenas empresas que lançam novidades. Nós precisamos de concorrência no mercado e temos de ser justos com o cientista”, diz Da Rosa.