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Qual a hora certa de vender a produção de grãos?

Analista da CNA comenta detalhes que fazem diferença na rentabilidade de produtores do Sul e do Centro-Oeste e dá dicas importantes no programa Direto ao Ponto desta semana

Fonte: Embrapa/Divulgação

O mercado de grãos é incerto e a instabilidade do clima, com a probabilidade da ocorrência do fenômeno La Niña na próxima safra, move os preços da soja e do milho. Com a volatilidade em alta, o produtor precisa se preparar e se planejar para conseguir boas vendas. A receita para obter sucesso é uma só: conhecer os custos de produção. A dica é do analista de Mercados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Enio Fernandes. Ele é o entrevistado do Direto ao Ponto deste domingo, dia 17.

O especialista faz uma análise dos mercados futuros de soja e milho. Segundo ele, os estoques de soja estão baixos e grande parte da safra 2016/2017 já foi comercializada, por isso o mercado deve se manter positivo para o agricultor. Mas Fernandes faz um alerta: o produtor precisa ter o custo de produção na mão e não pode querer vender no melhor preço. Ele explica o porquê: “De hoje até abril de 2017 vai ter oportunidade de travar preço bem acima do custo de produção. Se o preço chegou a 25% de margem, trave um pouco da produção. Mas não pode sempre esperar o melhor preço”.

O analista também destaca diferenças regionais e a conduta no mercado futuro de soja. Segundo ele, produtores da região Sul são sempre mais competitivos para a exportação, são financiados em real e podem ser mais audazes nas vendas. Já o sojicultor do Centro-Oeste, que busca financiamentos em dólar e está mais distante dos portos, deve travar os preços com mais antecipação e precisa ser mais conservador. “Se ele é muito grande, tem que crescer sempre e pouco. O pequeno produtor pode ousar mais. Mas o grande agricultor tem que ser cauteloso e ter o custo de produção sempre na mão. Uma margem de 10% a 20% no preço da soja em relação ao custo de produção, o produtor de Mato Grosso pode vender, o do Rio Grande do Sul, não”.

Para o especialista da CNA, existe uma receita de sucesso que está sendo aplicada por produtores desde a década de 1970. “Quem tem sucesso em Mato Grosso e Goiás? São imigrantes, trabalhadores focados e extremamente conservadores. Quem teve sucesso foi planejador e não foi afoito”, destaca.

Milho

Para o mercado de milho, Enio Fernandes projeta uma queda inevitável nos preços com a consolidação da colheita da segunda safra, mas uma nova guinada a partir de outubro. “São 49 milhões de toneladas em 50 dias. Impossível os preços não caírem, mas o déficit de milho vai continuar grande no país. O tempo de duração dessa baixa vai ser curto”. Ele também aposta que o pico de alta nos preços do grão no Brasil vai ser entre janeiro e março de 2017, pois os estoques vão ter acabado e a área plantada na primeira safra não deve aumentar.

Fernandes também fez grandes críticas às empresas brasileiras da cadeia de carnes que dependem da produção de milho. Segundo ele, essas companhias não estão garantindo preço para o ano que vem nem agindo na compra futura. Com isso, ele crava que vai faltar milho de novo. “Em Mato Grosso, já existem contratos de milho para 2017 para exportação. Cadê as empresas nacionais? O mercado interno não se posiciona e depois joga a responsabilidade para o produtor”.

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