Neste domingo, dia 15, o programa Direto ao Ponto trouxe uma entrevista exclusiva com Wanderlei Dias Guerra, diretor-técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), que falou sobre as perspectivas de mudança para a classificação de grãos no estado e disse que isso é essencial para o desenvolvimento do setor.
O dirigente explica que foram contratados pesquisadores para avaliar as possíveis consequências da alimentação de ovinos, suínos e aves com a soja desclassificada. “Em um dos trabalhos, que está em andamento, pegamos duas cargas, uma com 80% de avarias e uma com a soja boa. Dessas duas cargas fizemos o farelo e ministramos para os animais e não houve diferença! Tanto a ave quanto o ovino, em termos de rendimento de carcaça, de crescimento e desenvolvimento, foram os mesmos”, conta.
Guerra deixa claro que todo esse esforço é por questão de justiça e que as ações mantém a ética, buscando o princípio científico com o qual ele diz estarem bem alinhados. “Nós não queremos que o produtor fique na vantagem e os demais setores na desvantagem. Muito menos o inverso”, afirma.
Segundo o diretor-técnico da Aprosoja-MT, já foi discutida algumas vezes com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, uma proposta de mudança da normativa número 11, e ele afirma que o pedido será atendido. “Afinal de contas, quem sustenta esse país é o agronegócio, e se Mato grosso fosse um país, seria o 4º maior produtor de soja do mundo, então nós temos uma grande responsabilidade com esse setor”, finaliza.
Atuação do Estado
Para Guerra, o governo deveria sempre estar junto do setor produtivo, ouvindo e verificando o resultado de sua normatização. “Precisa estar no campo para entender se aquilo foi ou não foi eficiente, pois acontece muitas vezes em que o serviço público cria a norma e não quer reavaliar. Não quer ir lá e sentar com o setor produtivo para saber se aquilo está atrapalhando ou ajudando”, comenta.
O dirigente fala que o produtor rural, por sua vez, tem buscado se informar cada vez mais, no entanto, muitas vezes só toma uma atitude quando aquilo realmente o afeta. “O que nós pedimos é que o produtor esteja atento ao que está sendo dito e, se tiver alguma dúvida, questione. Ligue para o governo, para a Aprosoja ou para o Ministério da Agricultura e pergunte”, destaca.
Defesa vegetal
Guerra conta que até 2015 cultivava-se a segunda safra em cima da primeira e isso culminava na queda dos principais ativos da ferrugem asiática. “Plantava-se de setembro até fevereiro – às vezes, março. Não se parava o plantio! Um período e disposição da cultura no campo sequencialmente muito longo aliado à perda de eficiência dos fungicidas. A gente precisava interromper em um determinado momento para proteger as moléculas. Essa era a recomendação do consórcio antiferrugem. Isso foi feito, e eu faria de novo, porque era algo que precisava ser avaliado”, pontua.
Ao ser questionado sobre a melhor época para plantio, o dirigente explica que o mais adequado para fugir da ferrugem asiática é plantar o quanto antes. “Historicamente, em dezembro ninguém planta, a maior parte encerra em meados de novembro, às vezes até outubro já encerrou. Só está sendo plantado em dezembro em alguma região que não choveu, mas não passa ali da primeira semana de dezembro. Se conseguirmos tirar dezembro, abre uma janela em fevereiro, quando são registrados menos casos de ferrugem”, diz.