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'Tema péssimo, mas acordou o vulcão do agro', avalia Neri Geller

Entre o balanço de 2016 e as perspectivas de 2017, o secretário de política agrícola comentou o polêmico tema carnavalesco da escola de samba da Imperatriz Leopoldinense

Fonte: Wilson Dias/Agência Brasil

A um pouco mais de um mês para o Carnaval, o polêmico samba-enredo “Xingu – o clamor que vem da Floresta”  da Imperatriz Leopoldinense continua repercutindo no mundo do agronegócio. Desta vez, quem se posicionou sobre o tema foi o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.

“Eu acompanhei isso com pouca de tristeza, vendo que essas pessoas fazem tanta festa, tomam cerveja, e não vêem que a bebida vem da cevada, comem carne e tomam leite, e não lembram que essas coisas vem do campo”, reiterou de forma incisiva e direta. Para Geller, a escolha do tema foi feito de forma “inconsequente” porque é preciso respeitar o agricultor.

Em nota publicada no site da agremiação, o presidente Luiz Pacheco Drumond, escreveu que o “o homem do campo é presença constante em seus desfiles e que por diversas vezes o solo brasileiro, de um tudo planta e onde tudo se dá, foi exaltado na avenida.”  

Por outro lado, o secretário disse que a confusão serviu para unir o setor produtivo e mostrou a força do agro. Inclusive, “mostrar a força do agro” é a maior das intenções do governo neste ano, a partir da continuidade da política de internacionalização de mercados. “Nós conseguimos aumentar em 70% a exportação de carne suína, nos últimos anos”, diz.

Segundo Geller, o governo trabalha também para facilitar a vida do produtor, com intervenções comerciais, como é o caso do trigo no Rio Grande do Sul, possibilitou a renegociação de dívidas de quem sofreu com a seca e excesso de chuva no ano passado e promoveu o aumento do custeio, de R$ 1,2 milhão para R$ 3 milhões por CPF. 

Para 2017, haverá já uma atenção especial voltada para a safra de milho. O secretário informou que o Mapa estuda, dentro do orçamento, a possibilidade de fazer contratos de opção, AGF – aquisição do Governo Federal ou Pepro – Prêmio Equalizador pago ao produtor, para garantir o preço mínimo. 

Enfrentamentos

Ainda há diversas dificuldades a enfrentar. Uma delas é o seguro, que continua sendo motivo de reclamações dos produtores. “Sabe quando vamos resolver este problema? Quando tivermos dinheiro”, diz o secretário. De acordo com ele, hoje, o Brasil não tem condições de arcar com uma subvenção de R$ 15 bilhões como a dos Estados Unidos, mas se trabalha dentro da realidade. 

Outro ponto visto como impasse por Neri Geller é a regularização fundiária. “Nós precisamos resolver a questão dos assentamentos do Incra que é de competência do governo Federal. Precisamos de mais pessoa e menos burocracia, pessoas que queiram fazer.”
Na semana passada, ele esteve reunido com a equipe da Presidência para tratar do assunto. O secretário explica que a falta de documentação dos pequenos produtores trava o processo de industrialização nas cidades. 

“O estado de Santa Catarina é uma potência em agroindústria, porque tem pequenas propriedades com regularização. No estado do Mato Grosso, Goiás e no Norte do país, nós temos mais de 800 mil assentados e eles estão fora. Uma grande empresa não consegue entrar lá para fazer integração porque é muito difícil um grande produtor ter um aviário ou um módulo de reprodução de suinocultura. O pequeno que deveria ter, não tem documento”, afirma.

Otimismo

Neri Geller é otimista com o futuro da agricultura brasileira. “O agro cresceu tanto nesses últimos anos, vamos ter uma super safra. E nós do Ministério da Agricultura, queremos ficar assim, conversando, de frente a frente, olhando no olho das pessoas. Todas as demandas do agro, podem encaminhar pra nós. Nós vamos tentar resolver e fazer um grande plano-safra”, finaliza. 
 

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