A tabela do frete foi reajustada em 2,51% pelo governo federal. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, já está em vigor, mas não deve aumentar os custos do produtor rural. No entanto, lideranças de caminhoneiros reclamam do ajuste.
O reajuste faz parte da política criada pelo ex-presidente Michel Temer durante a greve dos caminhoneiros ocorrida em 2018, a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), autorizou os reajustes levando em consideração a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor amplo, o IPCA, e o preço do diesel.
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A tabela estabelece valores a serem cobrados a cada quilômetro rodado. Os valores aumentam de acordo com a quantidade de eixos dos caminhões. A previsão da ANTT é de que os reajustes gerem um aumento no preço do serviço que varia entre 2,34% e 2,51%. Mas, de acordo com o Movimento Pró-Logística, o produtor não deve sentir os efeitos desse aumento já que os preços praticados hoje são superiores aos da tabela.
“O frete é um reflexo direto do livre mercado. Se você tiver muito caminhão e pouca carga, o frete vai cair. Se você tiver muita carga e pouco caminhão, o frete vai subir. Isso é mercado. Então o frete é um reflexo direto do mercado. Se ele é um reflexo direto, tanto faz fazer o tabelamento do frete mínimo ou não. Porque, na verdade, principalmente pros granéis agrícolas nós pagamos sempre acima do valor da tabela”, disse Edeon Vaz, presidente do Movimento Pró-Logística.
Nova greve de caminhoneiros?
Wallace Landim, o Chorão, líder da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), grupo que representa os caminhoneiros, reclama do reajuste e comenta o indicativo de greve marcada para acontecer no dia primeiro de fevereiro.
“Não foi acatado nenhum insumo. O pneu, um exemplo do pneu que teve aumento de 60%. Tem outros derivados de insumos que tiveram de 30% a 40%, nada disso foi acatado. Então eles só acataram aumento do combustivel, foram lá e fizeram reajuste. isto já estava previsto dentro do reajuste. Não fizeram nada mais que tapar o sol com a peneira”, reclamou.
Segundo ele, o movimento está prestes a fazer uma paralisação. “ Estou conversando com os estados para ver o tamanho da adesão, temos que ter muita responsabilidade. Mas vou ser muito firme e deixar bem colocado: estamos juntos com a categoria. O que ela deliberar, a Abrava está junto e nosso departamento jurídico está à disposição”, completou.
Para Edeon Vaz, esse movimento grevista não terá apoio do agro. “Pela avaliação que nós temos feito, conversado com caminhoneiros e lideranças, não existe ambiente para se fazer uma greve. Em 2018, os caminhoneiros tiveram como parceiros a sociedade e os produtores rurais, porque naquele momento a redução do valor do diesel seria benéfica para todos. Hoje, eles não têm apoio de ninguém: não tem do governo, da sociedade e nem dos produtores rurais”