Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Agronegócio

Fim da Lei Kandir pode falir pequenos produtores de soja

Produtores afirmam que não têm condições de arcar com o imposto onerado atualmente e o retorno dele poderia afetar principalmente quem arrenda terras

A possibilidade de o Congresso acabar com a Lei Kandir tem preocupado os produtores rurais de Mato Grosso, principal estado produtor de grãos do país. Todas as pessoas ouvidas pela reportagem do Projeto Soja Brasil disseram que a agricultura se tornaria inviável, com muitos produtores saindo da atividade caso a isenção fosse cassada.

Quem dera o ajuste de máquinas para o plantio de soja fosse a única preocupação do produtor Neodir José Karam Marcondes, de Diamantino. Mas um outro ajuste (de contas, no caso), tem tirado o sono dele, principalmente com a discussão no Senado que pode por fim à lei Kandir.

Produtor de soja José Karam Marcondes
Produtor Noedir Marcondes – Foto: Carolina Lorencetti

“Será um retrocesso para a produção agrícola. Vejo que em Mato Grosso, principalmente, inviabilizará a cultura. O custo atual de um hectare de soja no estado, não contando com o operacional, é de US$ 600”, diz Marcondes.

A Lei Kandir foi criada em 1996 e isenta o pagamento de ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, sobre produtos primários e semielaborados enviados para exportação. Em Mato Grosso, os produtores já são taxados por outro imposto, o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), que incide sobre a soja, o milho, o algodão, o gado e a madeira.

“Nós precisamos dessa oneração. Se ela vier a ser cortada, inviabiliza a atividade. Pois será repassado para nós, que não temos 17% de margem de lucro para pagar. Não tem o que fazer. Produção não aumenta, a gente fica à mercê do mercado, do dólar, de todos os fatores”, diz o engenheiro agrônomo Wagner Marcondes.

E ainda há outro ponto a se analisar: os ganhos proporcionados pela Lei Kandir. Um estudo da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), comparou a evolução de algumas culturas antes e depois da lei e a conclusão é que, só no caso da soja, as exportações cresceram 654%.

Há quatro décadas morando em Mato Grosso, o produtor Altemar Kroling acompanhou a expansão do estado, consequência da lei, diz ele.“Eu vi como a Lei Kandir ajudou no crescimento da agricultura e dos municípios, a evolução que eles tiveram. Então esse dinheiro que deixou de ir para a mão do estado, por exemplo, ficou nos municípios e gerou riqueza dentro deles. Então foi um dinheiro mais bem empregado”, comenta.

Voltar a pagar o ICMS não é só diminuir ainda mais a margem de lucro do produtor, que já anda apertada, mas pode representar o fim da atividade para os pequenos produtores, principalmente aqueles que dependem de terras arrendadas para conseguir plantar, garante o presidente do sindicato de Diamantino, José Cazzeta.

“Estamos longe dos portos, então quando compramos um caminhão de adubo a dois mil quilômetros, quem paga somos nós. Quando uma trading nos vende o produto que vem lá de Israel, quem paga somos nós. Você paga para vir e paga para voltar. Como vamos suportar mais impostos? É o fim de muitos produtores que não vão ter condições de ficar na atividade, com certeza absoluta”, diz.

Veja mais notícias sobre soja

Sair da versão mobile