O Direto ao Ponto desta semana entrevistou o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, que fala sobre os desafios no campo, a quebra na safra de milho e os custos elevados para a próxima temporada de soja.
Ele explica que as áreas mais atingidas pela seca, ainda não foram colhidas. “A gente começa a partir de agora a entrar nas lavouras que vão ter perdas. O sudeste, oeste e leste do estado são algumas das regiões mais afetadas. Temos lavouras que não vão ter colheitas e estimamos que essa safra fique em torno de 10% abaixo do que esperávamos, dos 40 milhões de toneladas, serão 36 milhões. É uma perda que além de tirar o dinheiro de circulação no estado, quem vive disso fica em uma situação delicada”, afirma.
Ele ainda comentou sobre o Plano Safra e o que precisa ser revisto. “De fato o Plano Safra precisa ser revisto, principalmente com relação a taxa de juros e a equalização da quantidade de recursos colado no mercado que é dinâmico mas pela falta do timing do Plano, o produtor desloca a alavancagem e vai pro mercado que não é de crédito oficial, ficando caro. A gente entende que o crédito agrícola é uma ferramenta que além de atender o produtor atende a população de maneira geral”, diz.
Custos do produtor rural
Além disso, o presidente da associação comentou que o valor alto dos custos de produção inviabiliza o trabalho do produtor. “Infelizmente todo setor de agricultura segue um padrão. Hoje temos uma curva de máxima que se estabilizou de preços da commodities e a viabilidade de investimentos tem se alastrado com os preços máximos. A dobra do preço de máquinas agrícolas, taxa de juro alta, fertilizantes aumentando quatro vezes. Isso é a receita de uma catástrofe”, comentou.
Cadore ainda comentou da batalha travada com os custos de produção. “Ano passado nós vimos e falamos para os produtores usarem os critérios técnicos do solo, porque acreditávamos que a pandemia e outros fatores era o formador da alta nos preços e orientamos eles a terem cautela. O que vimos agora, foi um oportunismo em cima disso. Algumas empresas anunciaram lucros líquidos de 1.000% maiores, isso é zombar da inteligência do produtor rural. Temos pedido explicações através dos órgãos de fiscalização que precisam analisar se existe uma formação de cartel ou um monopólio. Essa conta do produtor ir mal, da dona de casa pagar mais caro no supermercado e de um possível desabastecimento mundial tem que ser jogado na conta de quem está margeando em cima do terror”, finaliza.