A carne brasileira passa por uma transformação para se tornar um produto premium, ou seja, competindo com as famosas proteínas uruguaias, argentinas e europeias. Em entrevista exclusiva ao programa Direto ao Ponto, a nova executiva da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Daniela Bueno, explica os planos para que o Brasil comece a oferecer ao mundo o seu Nelore marmoreio.
Daniela começa explicando que Mato Grosso já é o maior estado produtor de carne do país, mas ainda atende o mercado com commodities, não acessando aqueles mercados que prezam pela qualidade, inicialmente.
“Em 2018, o Brasil acessou apenas dois países da Europa: a Itália e a Espanha. Isso porque lá, e nos Estados Unidos, a preferência é por uma carne mais marmorizada. Até hoje, o Brasil só vendeu a parte dianteira para os EUA, porque lá ela serve para o hambúrguer”, conta.
Até pela adaptabilidade da raça, no Brasil a predominância é de rebanhos Nelore, que apresentam características diferentes dos bovinos europeus. O marmoreio no meio da carne é um exemplo, citado por Daniela, relembrando que aqui no Brasil, a picanha tem a capa de gordura na parte externa do bife e, na carne premium, ela apresenta um marmoreio interno.
“Estamos trabalhando e já conseguimos chegar a um melhoramento genético do Nelore, para conseguir esse marmoreio. Em Mato Grosso, por exemplo, já existem grandes propriedades se especializando nisso. São animais selecionados geneticamente, que contam com uma adaptação alimentar”, explica.
Para ela, a tendência é essa, já que o país tem um dos maiores rebanhos Nelore do mundo e o brasileiro, com uma renda melhor, já não quer mais aquela carne de vaca que sobra. “Ele está preferindo uma carne mais premium. O interessante disso é que o Nelore é adaptado ao clima brasileiro, portanto renderá mais que outras raças. O Nelore tem uma excelente carne para corte premium”, diz.
Veja a entrevista na íntegra: