A falta de contêineres para as exportações mundiais foi o tema do programa Direto ao Ponto deste domingo, 19. O diretor-executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, descreveu o impacto dessa situação para o setor cafeeiro.
“Deixamos de exportar mais de U$ 500 milhões, 3,5 milhões de sacas, nesses últimos meses”, afirmou.
Já o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse que o setor de aves, suínos e ovos não deixou de exportar, porque mantém uma constância na utilização do equipamento, o que não causou um problema de abastecimento de contêineres. Mas salientou que houve perda de oportunidades.
“Não dá para a gente dizer que está faltando no geral. Falta para a gente conseguir acompanhar as oportunidades que seguem. [O setor] Continua a crescer, mas está tendo mais dificuldade”.
De acordo com o diretor do Cecafé, houve uma demanda reprimida gerada pela pandemia, o que “causou um desbalanço” na dinâmica de utilização dos contêineres. Ele também deu números do que representa o Brasil no contexto mundial.
“O país representa 1,3% do mercado global de cargas em contêineres, e os contêineres para nós representam 7% em volume, porém, 42% em valor, por conta das cargas com maior valor agregado”, disse Matos.
No fim de agosto, entidades do agronegócio e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviaram um ofício ao Ministério da Infraestrutura pedindo uma reunião com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas para debater a construção de um plano de contingência.
De acordo com a pasta, o governo federal tem discutido com o setor alternativas que minimizem o problema, mas não teria competência para atuar diretamente para reverter a escassez de unidades. “Como a navegação é uma atividade realizada por empresas privadas, a disponibilidade de contêineres parte das estratégias operacionais de cada companhia”, informou o ministério em nota.
O presidente da ABPA ressaltou a necessidade de plano de ação como medida a curto prazo. No entanto, lembrou que medidas mais duradouras também devem ser feitas.
“O Brasil precisa olhar para o futuro estrategicamente colocando a infraestrutura. É importante que a gente evolua. Precisamos pensar nisso: construir novos portos, fazer concessões, colocar dinheiro quando for o caso, buscar situações”, disse.
Sob supervisão de Letícia Luvison