Mercado e Cia

ABPA quer que governo crie cadastro das exportações de milho

Entidade afirma que medida traria mais segurança para criadores se organizarem na hora da compra do cereal

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) está pedindo ao governo federal que seja criado um cadastro antecipado das exportações de milho. Em ofício enviado ao Ministério da Agricultura, a entidade propõe a criação de cadastro onde as vendas futuras de exportação de milho acima de 10 mil toneladas seriam realizadas. 

“Queremos isso para que a área de consumo, como de ração animal, possa ter acesso às informações de maneira antecipada das exportações. Nos EUA, por exemplo, se você faz contrato [de venda] acima de 10 mil, é obrigatório informar. Isso seria importante para que as empresas compradoras de milho tivessem essa informação antecipada”, explica o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.

Contudo, a associação esclarece que não é contrária às exportações brasileiras de milho e que não quer impor qualquer barreira ao comércio livre. 

De acordo com o diretor de comercialização e abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, a pasta aguarda retorno da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a solicitação da ABPA. No pedido feito à ministra, a associação sugere que o órgão seja a responsável pelo controle e registro de exportações de milho.

Apesar de a pasta ainda não ter uma decisão, Farnese indicou que a proposta não é considerada atrativa. O ministério acredita que os preços devem ser regulados pelo mercado e controlar as exportações seria adotar uma política estadista. Para o ministério, criadores de animais já podem se precaver com negociações de mercado futuro e acompanhar o volume de grãos exportados nos relatórios divulgados, semanalmente, pelo Ministério da Economia.

Análise

Para o comentarista do Canal Rural Glauber Silveira, a medida é considerada absurda por produtores rurais e exportadores. “A ABPA está mascarando um controle, para sentar em ‘berço esplêndido’ e comprar da ‘mão para a boca’”, disse.

Segundo Silveira, a Companhia Nacional de Abastecimento já faz um trabalho parecido ao divulgar a estimativa de safra de milho e a tendência de exportações. “Não há sentido nesse controle. Você vai é tirar o poder de negociação e vai engessar já que eles terão a informação de quanto se tem em estoque”, diz.