Com poucas chuvas e temperaturas altas, o plantio da soja no Brasil segue lento e atingiu 3,4% da área estimada até a última quinta-feira, 8, de acordo com boletim da consultoria AgRural. Segundo eles, o índice é o mais baixo para o período do ano desde a safra 2010/2011.
Luiz Tadeu Jordão, engenheiro agrônomo que está percorrendo lavouras pelo país, afirma, no entanto, que é precoce apontar perdas na safra e que o cenário de “atraso” é comum em alguns locais. “Em diversas regiões, a melhor janela de semeadura é justamente neste período. O fato é que, na última década, o sojicultor antecipou a janela de semeadura da soja para meados de setembro e começo de outubro para viabilizar o milho segunda safra ou, até mesmo, como em Mato Grosso, onde existe um sistema de produção de algodão segunda safra, que representa cerca de 70% de todo volume cultivado no país. Então, o sojicultor jogou essa janela para antecipar e viabilizar a segunda safra”, explica ele.
Risco climático
De acordo com o especialista, a irregularidade de chuvas marcou o início desta safra. “Nos meses de julho, agosto e setembro o solo permaneceu muito seco em boa parte do país, com temperaturas alta, e isso fez com que os estoques de água fossem reduzidos. Ou seja, estamos começando o plantio da soja em ambientes com pouco estoque de umidade no solo, elevando o risco da atividade agrícola. Existe sim a possibilidade de plantar no pó e esperar as chuvas, mas isso também pode não acontecer, ainda mais neste ano especificamente, onde existem uma qualidade de sementes muito aquém do desejável, muito em função de reflexos da última safra”, conclui Jordão.