Executivos dos três maiores bancos privados do país — Bradesco, Itaú Unibanco e Santander — lançaram nesta quarta-feira, 22, um plano conjunto com pontos específicos de combate ao desmatamento a fim de promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Eles apresentaram o planejamento ao vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal.
Entre os dez pontos apresentados, um deles trata especificamente do setor de carnes: “Atuar visando o desmatamento zero, reforçando diligências internas, apoiando a transição e articulando empresas e associações para a criação de um compromisso setorial”.
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A diretora-executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Soares, ressalta que o país precisa definir um modelo sustentável para a cadeia de carne da Amazônia, mas que atenda ao tripé da sustentabilidade: social, econômico e ambiental.
Ela cita que o país já possui uma das mais rígidas legislações ambientais do planeta e que o pecuarista hoje preserva 80% da sua propriedade. Sendo assim, “a associação corrobora com políticas de desmatamento ilegal zero, mas continuará reivindicando o direito em cumprir o Código Florestal vigente”.
Daniella aguarda o posicionamento oficial do vice-presidente Hamilton Mourão e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em relação às reivindicações dos bancos. Pois, caso o governo as atenda, seria preciso alterar o Código Florestal, que permite o desmatamento legal da Amazônia, Cerrado e de outros biomas.
Pecuaristas consultados pelo jornalista do Canal Rural em Mato Grosso, Luiz Patroni, defendem políticas que combatam o desmatamento ilegal na Amazônia. Mas, segundo eles, é preciso evitar a generalização e separar claramente o desmatamento previsto em lei do ilegal, sob risco inclusive de empurrar o produtor e o empreendedor para a ilegalidade.
Perfil da pecuária brasileira
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), entre 1990 e 2019, a produtividade da criação de carne bovina no Brasil aumentou 169%. No início da década de 1990, a produtividade era de 1,6 arroba por hectare por ano e passou para 4,3 em 2019. No mesmo período, a produção de carne cresceu 128%, passando de 4,6 milhões de toneladas equivalentes de carcaça para 10,49 milhões. A Abiec registra ainda recuo da área de uso de pastagens na ordem de 15,5%, passando de 192,2 milhões de hectares para 162,5 milhões.
A Abiec projeta que, até 2029, o país deve ter crescimento de 1,7% no rebanho total. Em relação à produção, a projeção é de aumento de 23,7% frente a 2019, para quase 13 milhões de toneladas equivalentes de carcaça. Enquanto isso, a área de pastagens pode recuar 7,2%, para 150,7 milhões de hectares.