O contrato para outubro do boi gordo negociado na B3 rompeu R$ 225 durante o pregão desta terça-feira, 4. O vencimento segue firme na possibilidade de renovar o valor recorde de fechamento. A pressão sazonal na virada de mês, a força das exportações, a proximidade do Dia dos Pais e a falta de oferta impulsionam as cotações.
Na segunda-feira, 3, foi observado o maior valor de fechamento desde que o contrato passou a ser negociado, a R$ 224,50 por arroba. O recorde anterior havia sido registrado em 21 de novembro de 2019, a R$ 223,90, sendo que a máxima intradiária do contrato também foi registrada neste dia, em R$ 230.
Demanda externa segue forte
As exportações de carne bovina in natura seguiram em ritmo forte e tiveram o melhor julho da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior, com 169,25 mil toneladas embarcadas, alta de 27,1% na comparação anual. Esse foi também o maior volume embarcado este ano e o segundo maior de toda a base de dados da Secex.
De acordo com o consultor de agronegócio do Itaú BBA Cesar de Castro Alves, a China segue como destaque na demanda por carne brasileira, principalmente de bovinos e suínos. Ele diz que a tendência é de manutenção desse apetite no segundo semestre de 2020 e até no ano que vem.
Alves projeta que o volume embarcado não deve ter grandes aumentos entre agosto e dezembro, mas se a média observada nos últimos meses se mantiver, a expectativa é de aumento anual de 10% em carne bovina e de 35% em carne suína.
Tendência de preço firme
O consultor afirma que a tendência no segundo semestre é de preço firme, com viés de alta no período da entressafra do boi gordo, mas ele chama atenção para a curva futura, que está de lado, ou seja, os contratos mais longos estão no mesmo patamar ou até abaixo dos vencimentos mais curtos.
“O mercado não está apostando que essa entressafra, essa escassez maior de animais no segundo semestre em relação ao primeiro, e a demanda de fim de ano vão sobrepor esses preços que temos hoje, por volta de R$ 230 por arroba”, diz. Para ele, é uma aposta arriscada, já que quase todo ano a entressafra costuma trazer pressão de alta nos preços, além de que a demanda no fim do ano costuma ser maior.
Segundo o consultor, nos próximos meses, a variável determinante continuará sendo a China. “Se ela mantiver o ritmo [de compras], podemos subir ainda mais os preços. Se houver redução nas compras, pode dar uma segurada lá na frente”, diz.
Dado o cenário de baixa oferta de proteínas no país asiático, que teve seu plantel de suínos arrasado pela peste suína africana, Alves acredita que a tendência é positiva para os produtores de bovinos e suínos.