O governo da Argentina decidiu suspender as exportações de carne por 30 dias. Diante disso, o Brasil pode se beneficiar, ganhando mais espaço com um comprador importante: a China. No ano passado, de toda a proteína importada pelos chineses, 20% saiu da Argentina, segundo a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel. No mercado externo, os argentinos respondem por 7,5% do comércio.
“Muito provavelmente a China terá que intensificar as compras do Brasil para substituir uma parte da Argentina. Devemos enxergar isso com bons olhos, sim, para o produtor, e com maus olhos do ponto de vista inflacionário para o Brasil”, diz, citando possível encarecimento da proteína no país.
Se a medida do presidente Alberto Fernández perdurar por mais de 30 dias, os efeitos sobre a pecuária da Argentina podem ser bastante negativos, na avaliação da Agrifatto. O chefe de Estado alegou que precisava restringir os embarques para conter os preços da carne no país. Para Lygia, isso só vai causar mais problemas.
“O problema neste momento é de oferta, tanto que o preço da carne não está subindo só na Argentina, mas no mundo todo. Os preços precisam remunerar o produtor para ele investir na atividade e, posteriormente, os preços se adequarem”, comenta.
Além disso, segundo a analista, esse tipo de medida contém os preços por um período curto de tempo. Depois, o produtor fica desestimulado e reduz a produção, deixando o produto ainda mais escasso.
Atenção, produtor brasileiro
O pecuarista precisa ficar atento aos custos de produção, segundo Lygia Pimentel. São eles que, mais do que os preços atuais, vão determinar a rentabilidade no médio prazo. Ela lembra que os custos dos insumos subiram mais do que a arroba do boi gordo, esmagando as margens. “Gestão será a chave”.