De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os estoques iniciais de milho na temporada 2020/2021 serão de 10,4 milhões de toneladas. Este seria o segundo menor volume em cinco anos, apenas maior que o da safra 2019/2020. Caso isso se confirme, o resultado representaria um aumento de 2,5% em relação à temporada passada. Tendo essa alta em vista, é importante entender os motivos que levam os preços a testarem novas máximas, apesar dos níveis de estoques.
Oferta de milho volta a diminuir no Brasil, diz Safras
Segundo Carlos Cogo, consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio, o mercado entrou bem vendido na colheita da segunda safra de 2019/2020. “Nós entramos na colheita da segunda safra com o mercado bastante vendido. Os produtores tinham feito um volume elevado de vendas antecipadas. Chegamos a ter uma pequena queda de preços ali na transição entre junho e julho. Depois passado isso, todo mundo retraiu a oferta e começou a dar grande sustentação aos preços. Mas, não foi só isso. Temos a colaboração do dólar, a alta dos preços aos produtores em Chicago, o bom movimento das exportações. É uma somatória de fatores altistas”, analisa.
Diante disso, Cogo considera que o Brasil não vive escassez de milho como no caso da soja. “Se exportamos 34 milhões de toneladas de milho, ainda sobrariam um equivalente a 56 dias de consumo. Não há um problema de falta de produto ou escassez no mercado interno. Ao contrário da soja, que vai virar o ano sem estoques. O problema é que quem tem milho hoje está estocando e esperando novas altas de preços”.
Com o cenário de retenção do cereal, a possibilidade de o governo isentar a Tarifa Externa Comum para importação do milho ganha terreno novamente. Neste caso, a projeção do consultor é que os preços encontrem limite para novas altas, mas que não devem se reduzir. Ou seja, de maneira semelhante ao que aconteceu para o arroz.
Por fim, Carlos Cogo estima que os preços devem seguir sustentados em 2021. De acordo com ele, o contrato para maio em Chicago já subiu quase 18% e sinaliza cotações mais altas também em dólares para o ano que vem. Com o câmbio em níveis elevados, a projeção da consultoria é de cotações firmes de milho no mercado brasileiro.