O empresário brasileiro Charles Putz, que acabou de voltar de viagem da China, fez um relato nesta quarta-feira, 29, ao programa Mercado & Companhia sobre falta de fiscalização nos aeroportos do Brasil para a possibilidade de entrada do novo coronavírus. A doença, que teve o primeiro foco em Wuhan, já impactou o mercado financeiro e os preços das commodities nas bolsas internacionais.
Ele contou que ao chegar no Brasil, através do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, não havia anúncios, em auto-falantes ou em panfletos, sobre o vírus. Putz saiu do país asiático e fez uma escala em Londres, na Inglaterra.
“Cheguei ontem [terça-feira], inclusive usando máscara, e diferente de comentários de que haveria controle nos aeroportos, ninguém me perguntou o motivo de estar usando máscara. Não tinha absolutamente nada para verificar de onde a gente estava vindo ou se precisava passar por um exame médico. Eu simplesmente entrei com os os demais, como se eu não tivesse vindo da China”, relatou.
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Ele achou que o controle de passageiros em Londres também não foi satisfatório. Segundo o empresário, um aviso dentro do avião dizia que se alguém estivesse com os sintomas da doença, deveria se apresentar aos comissários. “Mas cinco minutos depois disso, a autoridade sanitária autorizou o voo, apenas com base no relato dos passageiros”, comentou.
Putz relatou que a redução nas atividades econômicas em Xangai, onde ele viajou. O governo proibiu empresas de abrirem as portas, além de suspender as aulas. “Estão tomando medidas drásticas para conter o vírus e isso tem implicações econômicas. O feriado do Ano-Novo, por exemplo, que tinha sete dias foi estendido para 14 dias”, falou.
Peste suína africana
O empresário afirma que o controle sanitário para dificultar a entrada da peste suína africana também deixou a desejar. “A minha bagagem foi despachada da China para cá, então daria para saber que chegou do país asiático. Eu não sei se teve um controle na alfandega anterior a mala chegar, mas acho improvável porque chegou com a dos demais passageiros [que vinham de outros países], então parece que não há nenhum controle sobre isso também”, diz.
Posição oficial
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelos procedimentos em portos e aeroportos, não se posicionou até o fechamento da reportagem.
Já o secretário de Defesa Begetal do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal, afirma que não há nenhum alerta envolvendo a presença do coronavírus em rebanhos comerciais até o momento. A pasta diz que está monitorando o tema e se houver alteração no status da doença em animais, o procedimento de controle deve ser intensificado.