A contratação de crédito rural em julho, primeiro mês do Plano Safra 2020/2021, cresceu cerca de 50%, passando de R$ 16 bilhões no mesmo período do ciclo anterior para R$ 24,152 bilhões neste, informou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Chama atenção o salto de 110% nos empréstimos voltados a investimento, que totalizaram R$ 5,25 bilhões em julho. Nas linhas de industrialização, a alta foi de 69%, para mais de R$ 2 bilhões. A tomada de crédito de custeio avançou 39%, chegando a R$ 15 bilhões. A comercialização, por fim, somou quase R$ 2 bilhões em contratações, aumento de 17% em relação a igual período da safra anterior.
O crescimento notável na demanda por crédito acende um alerta no setor: será que vai faltar crédito subvencionado nesta temporada como aconteceu com algumas linhas no ano passado? Segundo o diretor de Crédito e Informação do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, isso não deve ocorrer.
“Posso afirmar com segurança que se viermos a ter problema, será a partir de fevereiro/março, e mesmo assim é pouco provável. Nós alocamos relativamente muito mais recursos este ano. Os programas que tiveram esgotamento no ano passado vieram com até 35% mais recursos. Então, acho que está calibrado esse volume à expectativa de demanda”, afirma.
Benedito Rosa, comentarista do Canal Rural e ex-secretário de Política Agrícola do ministério, afirma que o ritmo acelerado acende um alerta tímido no setor, mas é um problema que pode ser resolvido mais à frente, com o governo realocando valores nas linhas mais demandadas.
Para Araújo, a procura está aquecida por conta do bom momento vivido pelo agronegócio, o que motiva tanto os bancos a ofertarem crédito quanto os produtores a tomarem empréstimos. Benedito Rosa concorda com a afirmação e vê o produtor otimista mesmo com a conjuntura econômica atual.
Além do otimismo, o diretor do ministério não descarta que a demanda estivesse reprimida à espera de juros menos. “Agora, tão logo tomaram conhecimento das novas taxas e as contratações foram abertas nas instituições financeiras, os produtores encaminharam suas propostas, e alguns já fecharam”, comenta.
Recursos livres
O Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 2% ao ano, menor patamar da história. Araújo não acredita em novos cortes e ressalta que embora tenha caído de forma acentuada, os encargos não chegam neste nível para os produtores que tomam recursos livres. “Tanto que os recursos livres representam 15% do que foi liberado [no primeiro mês do Plano Safra]. 85% do que foi liberado é crédito direcionado e subvencionado”, ressalta.