As pesquisas indicam que o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, tem 90% de chance de vencer a eleição de 2020. Contudo, o consultor político Matheus Andrade, da BMJ Consultores, afirma que como houve um erro nas pesquisas de 2016, não dá para descartar uma vitória do republicano Donald Trump.
Andrade diz que mesmo às vésperas da eleição, os dois candidatos seguem com uma agenda forte de comícios e visitas a estados-chave para a vitória. O resultado, segundo ele, deve ser conhecido até a manhã da quinta-feira, 5.
O sócio-diretor da MB Commodities, Pedro Dejneka, que mora nos Estados Unidos há anos, conta que esta é uma das eleições mais imprevisíveis e tensas do país. “Nós da MB não temos a confiança que o mercado parece ter na vitória de Biden, pois as pesquisas têm errado muito e os eleitores de Trump vão comparecer em peso às urnas. Mas isso também não significa uma vitória de Trump, mas que se trata de um cenário mais apertado do que o mercado vem precificando”, diz.
O consultor acredita que o resultado das eleições deve acabar virando uma disputa judicial. “Os dois [Trump e Biden] tem esse caminho, principalmente Donald Trump, que disse inclusive há pouco tempo que poderia ganhar nas urnas ou na suprema corte”, diz.
Além disso, de acordo com Matheus Andrade, os candidatos podem usar o resultado prévio da terça-feira, 2, para anunciarem antecipadamente a vitória, o que causaria uma confusão caso o resultado final fosse divergente. Lembrando que uma boa parte dos americanos resolveu enviar os votos pelo correio, por isso a mudança na dinâmica de apuração.
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Efeito no agronegócio
Em caso de vitória de Donald Trump, Andrade não vê grandes mudanças no cenário internacional. Para ele, a guerra comercial com a China, que é favorável às exportações brasileiras, deve continuar. Se Biden vencer, por outro lado, a posição sobre os chineses é uma incógnita, e o candidato democrata pode endurecer o discurso ambiental contra o Brasil.
Dejneka lembra que Trump já deixou claro que vai continuar batendo de frente com os chineses. Assim, caso ele vença, o acordo comercial entre os países pode ser até mesmo cancelado, o que levaria ao enfraquecimento dos preços agrícolas na Bolsa de Chicago. Já Biden deve pressionar de forma indireta, aliando-se a países europeus.