A tendência é que a relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos seja pior durante o governo de Joe Biden do que foi durante a administração de Donald Trump, segundo o analista político da Eurasia Group Silvio Cascione.
“Não significa que o Brasil vai ser tratado como pária, porque é um aliado estratégico. Não só das empresas, mas do governo, no caso do 5G, questão em que os Estados Unidos enfrentam a China. Há espaço para diálogo construtivo entre as duas partes, mas teremos menos avanços na agenda bilateral”, diz.
De acordo com o especialista, o principal ponto de conflito entre os governos brasileiro e norte-americano deve ser a agenda ambiental. “Biden vai fazer uma política mais agressiva de redução de emissões de carbono e desmatamento”.
Cascione diz que se os países se basearem apenas na retórica, escalando a tensão, o Brasil pode sofrer até mesmo com sanções comerciais e barreiras por parte dos Estados Unidos.
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O comentarista Miguel Daoud defende que o Brasil precisa se comunicar melhor, porque a realidade do produtor rural brasileiro é bem diferente do que é dito fora do país. Segundo ele, os agricultores e pecuaristas só praticam o desmatamento legal, previsto no Código Florestal. A maioria parte dos que estão com irregularidades é por culpa do governo. “Existe desmatamento ilegal, mas deve ser combatido com a lei”, diz.
Quanto às emissões de gás carbônico, Daoud diz que os grandes poluidores são justamente os que mais criticam: Europa, Estados Unidos e China.