A França anunciou um plano estratégico para dobrar a produção interna de proteína vegetal nos próximos 10 anos. Para isso, o governo deve investir cerca de 100 milhões de euros em subsídio agrícola. O Ministério da Agricultura e da Alimentação do país fala em diminuir a dependência das importações de soja, que “podem estar ligadas ao desmatamento”.
Dados do Ministério da Economia mostram que boa parte do farelo de soja importado pela França sai do Brasil. Em 2019, o país comprou o equivalente a US$ 1,1 bilhão do mundo todo, sendo US$ 595 milhões do Brasil. Em relação às exportações brasileiras de farelo de soja, o valor equivale a mais de 10% da receita total.
A superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lígia Dutra, afirma que a o mercado francês é relevante e é preciso que o setor fique atento a medidas que visem substituir importações.
Lídia conta que como a França tem pouca área de mata nativa protegida, provavelmente a soja vai começar a substituir outras culturas. Segundo ela, é uma estratégia ruim do país europeu, pois a política de subsídios tem baixíssimo impacto ambiental, já que estimula uma agricultura que não depende do mercado.
“Tem mais um caráter protecionista, para alegrar o eleitorado [do presidente Emmanuel Macron]. Não há como comprovar esse tipo de coisa. E esses produtos que deixaram de ser produzidos para dar lugar à soja vão ser importados?”, questiona.
Segundo a superintendente da CNA, o movimento da França tem pouca chance de ser seguido por outros países, pois demanda muito recurso financeiro.