A expectativa inicial da Safras & Mercado é que a segunda safra de milho plantada neste ano rendesse aproximadamente 84 milhões de toneladas. Com 70% das lavouras tendo sido plantadas fora da janela ideal, a consultoria cortou a previsão para 80,7 milhões de toneladas. Agora, com a ausência de chuva nas regiões produtoras, a estimativa é de 70,8 milhões de toneladas.
“Abril foi muito ruim de chuva, ficando abaixo nas principais áreas produtoras, como Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e partes de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Formou-se um bolsão de seca”, conta o consultor Paulo Molinari.
Segundo ele, não há chance de recuperar as 14 milhões de toneladas perdidas desde a iniciativa inicial, principalmente porque maio começou também com o clima muito seco, e a perspectiva é de que só chova melhor no fim do mês. “As perdas talvez possam ser até maiores do que essas”, diz.
Em sua análise, Molinari afirma que os preços já refletem essa perspectiva de quebra de safra. Em São Paulo, a saca de milho é negociada por R$ 105/R$ 107. Até a entrada da safrinha, o que só deve acontecer com mais força em agosto, as cotações podem subir até mais. “Até lá temos que abastecer o mercado interno, e esse hiato entre maio e agosto é onde temos o maior problema de abastecimento”, frisa.
O consultor afirma também que as importações estão muito lentas. Para maio e junho, estão programadas 70 mil toneladas vindas da Argentina. Além disso, a demanda interna não dá sinais de que vá diminuir mesmo com os preços altos.
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Estados Unidos não podem ter quebra no milho
Molinari afirma que os patamares atuais de preço não consideram uma possível quebra na safra dos Estados Unidos, que está sendo plantada. O clima, por enquanto, não tem representado grande risco às lavouras americanas, mas há quatro meses até a definição do potencial produtivo, em setembro. “Até lá, vamos ter muita volatilidade, ou seja, movimento de alta e de baixa. Depende como São Pedro vai conduzir”, comenta.
De acordo com o consultor, o mercado está bastante tenso e não há espaço para perdas de produtividade neste momento. Caso aconteça, os preços internacionais – que já estão nos maiores patamares desde 2012 – podem subir mais, impedindo que as cotações se acomodem no Brasil.