O preço da saca de milho renovou o recorde e fechou a R$ 61,25 nesta segunda-feira, 31, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O analista de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócio, diz que a forte valorização do cereal este ano — aproximadamente 26% — se deve à retenção da oferta por parte dos produtores e à taxa de câmbio, que deixa o produto brasileiro competitivo no mercado internacional.
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Fernandes destaca que o milho do Brasil não é o mais barato do mundo neste momento, custando mais do que o americano e o argentino, mas a qualidade superior atrai a demanda. “Esses dois fatores [qualidade e câmbio] mantêm as exportações em bons volumes, o que faz os preços subirem”, diz.
Segundo o analista, a entrada da safra dos Estados Unidos não deve trazer grandes reflexos para a cotação no mercado brasileiro. Isso porque a produção americana deve atender primeiro a demanda interna. Depois, paulatinamente, volta-se às exportações. “Quando chegar outubro, novembro, grande parte da nossa plataforma de exportação já estará realizada, então os preços devem se manter”, afirma.
As tentativas de reação do real sobre o dólar também não representam risco, sendo momentâneas, pontua Ênio Fernandes. “Temos graves problemas fiscais a enfrentar, reformas a fazer. Até agora só temos discurso, temos que ir para prática. Não vejo situação calma do câmbio até o fim do ano”.
Quanto à possibilidade de o governo retirar a Tarifa Externa Comum (TEC) sobre a importação de milho de fora do Mercosul, o analista também vê problema. O potencial fornecedor seriam os Estados Unidos, mas haveria dois problemas: “O custo para trazer de lá é mais alto do que os preços aqui e temos transgênicos aprovados nos EUA que não foram aprovados aqui. Então teria um risco na importação de milho americano”, comenta.