O boi gordo, segundo indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o mercado paulista à vista, voltou a ser negociado acima dos valores da carcaça casada no atacado do estado, também à vista. Praticamente desde 2016, os preços no atacado superavam os da arroba, com apenas uma pausa pequena em agosto de 2018.
A demanda interna enfraquecida pode explicar a alta limitada da carne no atacado, de acordo o Cepea. Diante do menor poder de compra da população brasileira, os preços sobem menos que a arroba do boi gordo, que está pressionada por uma oferta restrita de animais terminados e por exportações bastante aquecidas.
Segundo o pesquisador do Cepea Thiago Bernardino, o consumo de carnes no país recuou devido à retração econômica, sendo que a queda só não foi maior em decorrência do auxílio pago à população e pela troca de consumo de bens duráveis por alimentos.
Tendência até o fim do ano
Diante de um cenário de flexibilização das medidas de isolamento social e consequente expectativa de melhora na economia brasileira, Thiago Bernardino enxerga um cenário muito positivo para o preço da carne e da arroba até o fim do ano. O pesquisador projeta que se a recuperação econômica se confirmar, é esperado que o consumidor brasileiro aumente a procura por carne e pressione os preços no atacado e na arroba.
Bernardino lembra que o consumidor brasileiro consome de 70% a 75% da produção do país, portanto, se a demanda externa permanecer firme e a doméstica se recuperar, a tendência é de alta para os preços. Dessa forma, o pecuarista tem um cenário muito interessante à frente, apesar da alta do grão, e deve fazer uma boa gestão de compra e venda para aproveitar esse quadro.
A projeção para o curto prazo é de manutenção do mercado entre R$ 215 e R$ 225, segundo o pesquisador. O reflexo da pandemia pode limitar altas maiores por enquanto, mas no fim do ano o cenário é completamente novo e poderemos ver preços ainda mais interessantes.