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Preço do leite renova recorde histórico em setembro; veja a tendência

Litro do leite pago ao produtor renova recorde, porém, período do ano é marcado por pico dos preços e tendência é de estabilidade ou queda

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro renovou o recorde histórico. Considerando a “Média Brasil” calculada pelo instituto, os preços subiram 9,7% frente ao mês anterior e chegaram a R$ 2,1319 por litro. Dessa forma, a cotação média deste mês ficou 51,4% acima do registrado em setembro de 2019 em termos reais, ou seja, descontando a inflação ao consumidor de agosto medida pelo IPCA.

Segundo a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, a sazonalidade dos preços aponta período de pico em agosto e setembro. “É normal que entre agosto e setembro a gente atinja o pico e a partir daí tenha estabilidade ou queda dos preços. Claro que tudo depende da questão climática. A gente tem observado que esse ano essas condições estão mais severas e impactando negativamente a atividade”, analisa.

Tendência

A pesquisadora projeta viés de baixa para o último trimestre do ano. “É difícil de pensar que o preço possa ultrapassar este valor de R$ 2,13. Valor é muito alto, 18 centavos acima do recorde anterior, que foi no mês passado. A gente vai monitorando possibilidade de aumento ou não para o preço do leite captado em setembro, que vai ser pago em outubro. Justamente pelo desempenho em outros mercados, como leite spot ou derivados e a gente já percebe um movimento de desaceleração nesta alta. A gente tem como expectativa para os próximos meses uma estabilidade com tendência à queda”, estima.

Importações

A indústria tem recorrido ao mercado externo para tentar encontrar preços melhores, segundo Grigol. “A indústria tem apelado para as compras no mercado externo, mesmo que preço e câmbio não estejam tão atrativos. Indústria tem recorrido às importações para diminuir pressão da oferta limitada. Então, com essa expectativa que vai haver uma maior disponibilidade de lácteos, os agentes já começam a se organizar esperando também retomada da produção”, explica.

Produtor

Natália Grigol destaca que apesar da melhora pontual, a relação de troca é pior na comparação com o ano passado. “Quando a gente analisa pontualmente, apesar de estar subindo o custo de produção, o custo do litro de leite subiu mais. Poderíamos fazer uma leitura otimista com a relação de troca mais favorável. Porém, quando comparamos com o ano passado, esta relação está pior. Neste ano, ele precisa de 28 litros para comprar uma saca de milho e ano passado precisava de 26. Produtor tem conseguido guardar um pouco de dinheiro dependendo do tipo de sistema de produção que ele tem”, finaliza.