Os preços da soja têm registrado fortes quedas nos últimos dias. De acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base nos negócios no Porto de Paranaguá, a saca estava cotada a R$ 154,42 nesta segunda-feira, 7, queda de 3,9% em relação à segunda-feira anterior.
O gerente de consultoria agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, afirma que o recuo nas cotações da oleaginosa se devem à forte desvalorização do dólar frente ao real, à baixa registrada nos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago e à menor demanda por parte das esmagadoras brasileiras, que estão entrando em período de manutenção.
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Tendência para os preços da soja
Para 2021, o especialista diz que o cenário global da oleaginosa indica menor disponibilidade do grão. A produção menor no Hemisfério Norte joga a responsabilidade para a América do Sul. “Isso traz espaço para aumento de preços da soja, caso tenhamos intempéries climáticas que possam afetar as produções do Brasil e da Argentina”, analisa.
Mas, para isso, o dólar precisa se manter em R$ 5,10 ou subir. “Câmbio é a variável mais difícil de prever. Se houver valorização da moeda brasileira, podemos ter mais pressões sobre as cotações”, afirma.
Previsões para a produção brasileira
O Itaú BBA está revisando suas projeções para a safra 2020/2021 de soja do Brasil. Porém, segundo Bellotti, a expectativa de 134 milhões de toneladas do governo não deve se concretizar. Se o clima não cooperar, o número pode ficar perto de 130 milhões, o que ainda seria um recorde.
“O atraso de plantio impactou todo o manejo, o que pode levar à redução de teto produtivo. As variedades com maior produtividade que tendem a ter períodos mais longos não foram cultivadas”, diz.
De olho na concorrência
O gerente do Itaú BBA não acredita que a tensão entre Estados Unidos e China vá acabar tão rapidamente, mas destaca que Joe Biden tende a adotar um tom mais moderado em relação aos asiáticos. Para Bellotti, isso pode até ser um pouco prejudicial para os preços da soja no Brasil no curto prazo, mas tende a aquecer a economia global e beneficiar todos no longo prazo.