O mercado de commodities começa a absorver a retirada da alíquota do imposto de importação para soja e milho feita pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Segundo Carlos Cogo, consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio, neste primeiro momento o mercado ignorou a decisão.
“Embora a gente tenha que reconhecer que foi colocado um limite para os preços, mas a curto prazo foi jogada ‘gasolina na fogueira’ e os preços acabaram reagindo com alta bem forte. Milho na B3, perto dos R$ 80 e soja no interior já tem oferta de compra na casa dos R$ 170 e R$ 180, novamente”, disse.
“Se usarmos o indicador Esalq de ontem [20/10], fechou em R$ 157,90 para a saca de soja, a soja da Argentina em grãos, que não tem TEC, chegaria R$ 177,48. E a soja norte-americana, saindo do Golfo do México, chegaria também na mesma posição, por R$ 171,01. Ou seja, R$ 13 a mais pela soja americana e praticamente R$ 20 a mais pela soja argentina”, completou.
Segundo ele, o caso do milho é mais grave porque ainda se tem oferta do milho. “O produtor está com as vendas retraídas e o governo acabou sinalizando uma régua muito mais alta. O argentino é de custo final é de R$ 87,32 e o norte-americano chegaria a R$ 89,91 com todos os custos embutidos e com a TEC zero. O governo, mesmo que sem querer, elevou a régua e disse para o mercado que pode subir mais”, disse.
“O elemento da TEC da soja é muito curto, até início de janeiro, não via ter efeito nenhum. O outro é mais longo, para março, com risco da safra de milho será importante para o setor de criação [pecuária] ter a possibilidade de trazer o milho sem TEC dos EUA se for o caso, mas sabendo que terá que trazer com preços bem generosos. O que digo aos meus clientes é que a única chance de cair o preço é com a queda do câmbio”, finalizou.