O governo da China informou nesta quarta-feira, 29, que o crescimento econômico do país em 2020 pode cair para 5% ou menos com o surto de coronavírus. Porém, de acordo com o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, não será a desaceleração da gigante asiática que pressionará os preços da soja no curto prazo.
Segundo o especialista, há um movimento sazonal de desaceleração na demanda chinesa pela oleaginosa no primeiro trimestre. “As cotações também devem ser pressionadas pela oferta crescente do Brasil, com o avanço da colheita”, diz.
Pereira afirma que o câmbio é o único fator de sustentação dos preços da soja neste momento. “O dólar alto dá poder de barganha ao exportador. Mas é importante destacar que só limita o potencial de queda, não dá condições para altas”.
Diante dessa perspectiva, o analista diz que o produtor deve aumentar a “proteção” sobre a lucratividade, ou seja, negociar no mercado futuro ou no disponível, caso já tenha colhido. “Para aquele que tem condição de segurar o grão até o segundo semestre: só teremos momentos melhores que este nele”, comenta.
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No longo prazo, a ARC Mercosul não acredita que a contração no crescimento da China vá afetar a demanda por soja do Brasil. “Temos uma oleaginosa bem competitiva em relação aos nossos concorrentes. Os importadores chineses, mesmo com a fase 1 do acordo com os Estados Unidos, vão prezar por manter a margem de lucro em patamares positivos. Então não temos uma perspectiva tão negativa mesmo a permanência do vírus por mais algum tempo”, diz.