Autoridades do Ministério da Agricultura foram notificadas pela Rússia sobre a presença de glifosato acima do permitido pelo país na soja importada pelos russos. O produto é um dos herbicidas mais usados na agricultura brasileira para acabar com as ervas daninhas que atacam as lavouras.
Na manhã desta sexta-feira, dia 1º, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal, afirmou que aconteceria uma teleconferência entre representantes do Ministério da Agricultura do Brasil e os russos para esclarecer o laudo.
Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a Rússia ocupa a 5ª posição no ranking de importadores do produto brasileiro, junto com a Tailândia, com representação de 1,4% nos embarques de soja.
De janeiro a dezembro de 2018, essas compras chegaram a 1,1 milhão de toneladas, equivalente a U$S 34,58 milhões. Em janeiro de 2019, o volume de soja enviada para o país chegou a 64 mil toneladas, de acordo com a (Anec).
Segundo Leal, a negociação com o país russo segue pacífica. “Apesar de notificar uma possível suspensão da soja como uma das medidas de correção para o problema, nada foi acertado até o momento. O que nos foi solicitado de imediato foi uma investigação para saber o que aconteceu e temos o prazo de até duas semanas para concluir isso”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário de defesa, o nível de herbicida aceito pela Rússia é menor em comparação com outros países, o que leva o Ministério da Agricultura a acreditar que esse é o principal motivo da acusação contra o Brasil de ultrapassar os limites do glifosato na soja brasileira exportada.
“O Brasil segue o parâmetro intencional de exigências para os agrotóxicos, e não temos nenhuma violação em casos de glifosato em soja. Como importadores, temos que seguir as exigências que são estabelecidas pelos países que compram a oleaginosa”, disse.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) informou não ter sido notificada até o momento sobre qualquer restrição de autoridades russas sobre cargas originadas no país. “O Brasil exporta produtos de altíssima qualidade do complexo de soja para 170 países. É parceiro em negócios com a Rússia há muitos anos. Caso haja essa notificação, a cadeia produtiva nacional está aberta a tratar de todos os temas relacionados a boas práticas no comércio internacional da soja em grão e seus derivados”, disse a entidade em comunicado.