O produtor rural Augustinho Salvalagio, 45 anos, contraiu o novo coronavírus e ficou 12 dias internado, sentindo falta de ar e dores no peito. Como a família inteira também adoeceu, não havia quem fizesse o manejo dos 60 mil pés de fumo cultivados nesta safra, em Grão-Pará (SC).
A enfermeira Talia Carboni, que é nora de Augustinho, conta que a família e o produtor principalmente passaram por dias difíceis. “O risco de intubação dele era de quase 80%. Ele não intubado por falta de leito de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] na região.
Talia conta que quando via na TV as notícias sobre a gravidade da Covid-19, não imaginava que a família iria passar por algo assim. “A gente se torna até guerreiro, né? Pelas fortes emoções que a gente passou e pelo tanto também que Deus fez ele [Augustinho] forte para sobreviver nesses dias difíceis”.
A ajuda que a família precisava veio da comunidade local. Vizinhos se mobilizaram, por meio de um grupo de mensagens pelo celular, para cuidar da lavoura que estava na fase inicial. Augustinho nem imaginava que tantas pessoas se colocariam à disposição. “Vieram 21 pessoas. Começaram 13h e 15h30 tinham terminado os 60 mil pés de fumo. O que eu tenho para dizer a eles é muito obrigado. Não tenho nem palavras para agradecer. Nunca tinha visto algo assim na vida’, conta, emocionado.
Para celebrar a recuperação de Augustinho e agradecer pela atitude dos vizinhos, a família organizou um café da tarde com os voluntários. “A amizade continua ainda mais forte agora. Um dia, quem sabe, eu posso retribuir”, diz o produtor.
A produtora rural Luzia Ascari Salvagio afirma que a pandemia veio mostrar que não importa o que as pessoas têm, mas o que elas fazem pelos outros. “Precisamos ser pessoas de fé, pessoas amigas e solidárias. É nesses momentos de dificuldade que as nossas pequenas atitudes podem fazer a diferença na vida do próximo”.