Um estudo publicado pela revista científica Science causou reações fortes no governo. Entitulado “As maçãs podres do agronegócio do Brasil”, o trabalho foi citado por Jair Bolsonaro na tradicional live das quintas-feiras, quando o presidente criticou os europeus, que tratariam a questão ambiental como uma “seita” e que um dos alvos desses ataques seria o agronegócio brasileiro.
O estudo foi realizado por 12 pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Alemanha. Ao cruzar dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e dos guias de trânsito animal, eles identificaram propriedades que teriam produzido e exportado gado ou soja em potencial desacordo com as normas do Código Florestal.
Segundo o artigo, embora a maior parte da produção agrícola brasileira seja livre de desmatamento, 2% das propriedades na Amazônia e no Cerrado poderiam ser responsáveis por 62% de todo o desmatamento potencialmente ilegal. Além disso, 20% das exportações de soja e pelo menos 17% das exportações de carne bovina que são proveniente dos dois biomas e destinadas à União Europeia estão potencialmente ligadas ao desmatamento ilegal entre os anos de 2008 e 2018.
O Ministério da Agricultura se manifestou sobre o tema e afirmou que vai convocar um grupo de cientistas para avaliar detalhadamente cada conclusão do artigo. “O Ministério da Agricultura considera que o artigo científico publicado na revista Science contém informações importantes sobre o período 2008-2018. Assim como o título do artigo induz e os dados demonstram, mais de 90% dos produtores rurais não estiveram envolvidos com qualquer tipo de desmatamento ilegal, com base na amostra de dados do estudo. Dessa forma, não podemos vilanizar a agropecuária”, disse a pasta por meio de nota.
O Canal Rural entrou em contato com a Vice-Presidência da República, já que Hamilton Mourão é presidente do Conselho Nacional da Amazônia e com o Ministério do Meio Ambiente, mas não recebeu nenhum posicionamento.
Entidades do setor, como Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), também não quiseram se manifestar sobre o assunto.