O preço do arroz no Rio Grande do Sul deve subir em 2020, de acordo com analistas. A tendência de alta deve-se à redução da área plantada no estado e à menor oferta do Paraguai.
Produtores gaúchos respondem por 72% da safra brasileira. A área plantada no estado, que já chegou a 1,2 milhão de hectares, vem caindo a cada ano. Nesta temporada, totalizou 940 mil hectares — menos do que a intenção de plantio.
“A área vem diminuindo no estado e no Brasil em função da baixa rentabilidade que a cultura tem apresentado”, afirma o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.
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Quanto ao clima, as lavouras gaúchas registraram excesso de chuvas e até enchentes em outubro, que é o período ideal de plantio. Agora, o motivo de preocupação é o calor excessivo. “Estamos com mais da metade das lavouras em fase reprodutiva. Existem trabalhos científicos que comprovam que temperaturas acima de 35 ºC prejudicam essa fase”, diz o coordenador regional da Planície Costeira Interna do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Ricardo Kroeff, que é engenheiro agrônomo.
Perspectivas de mercado para o arroz
A redução de área plantada e o menor ingresso de cereal do Paraguai na entressafra fez o preço reagir. Atualmente, a saca está sendo comercializada acima de R$ 50. Em anos anteriores, a cotação ficava igual ou até abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo para a região Sul, que é de R$ 36,44 por saca.
Segundo o analista técnico Gabriel Viana, da Safras & Mercado, a tendência é de preços mais altos, também pelo dólar elevado. “É quase impossível o governo fazer leilões de estoques públicos, porque estão praticamente vazios”, comenta.
Alexandre Velho diz que a remuneração do produtor é baixa e que ele precisa vender acima de R$ 50 para tornar o negócio viável. “Temos um custo muito alto no Brasil. Ele não baixa de R$ 6.500 a R$ 7.000 por hectare para plantar”, diz.
Hoje, o gasto médio mensal da família brasileira com arroz é de R$ 4,50. Para o presidente da Federarroz, mesmo que o preço ao consumidor final suba 20%, o produto não impacta tanto.