O setor madeireiro de Mato Grosso comemora o bom momento em plena pandemia. A construção civil impulsionou a demanda pela madeira e o sistema de manejo florestal sustentável tem sido o protagonista neste cenário. Agora, o desafio é desassociar a imagem negativa atribuída ao setor, o que prejudica aqueles que produzem de maneira legal e sustentável.
Explorar de forma seletiva a área autorizada, extrair apenas árvores aprovadas para que, nos próximos 25 anos, a vegetação remanescente possa restabelecer o estoque madeireiro da propriedade. É este o conceito do manejo florestal sustentável, prática que desde 1965 está no Código Florestal e que tem sido fundamental na conquista econômica do setor.
Para o diretor-executivo do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Valdinei Bento dos Santos, o futuro do setor é promissor no estado. “Em Mato Grosso são, aproximadamente, 3,7 milhões de hectares de florestas conservadas. A expectativa do Cipem é dobrar a área em dez anos. Para isso, vamos avaliar as exportações, porque é um mercado que a produção florestal nacional ainda não alcança. Hoje, mais de 90% do que é produzido fica no país, nas regiões Sul e Sudeste”, contou.
A produção de madeira legal é uma das fontes de renda na Agropecuária Jatobá, em Paranatinga. Do alto, dá para ver a imensidão verde da fazenda e, dos mais de 20 mil hectares, pouco mais de 7 mil foram abertos para uso na agricultura e na pecuária e todo o restante está preservado. O manejo da floresta é sustentável e, hoje, está nas mãos do produtor rural Thiago Fabris, segunda geração da família, que garante que toda madeira extraída tem registro.
“Esta árvore recebe um número lá dentro da reserva e este número percorre nessa tora até a serraria, onde é identificada com OT (Orientações Técnicas), com a faixa, que identifica a coordenada que ela foi extraída, todas 100% exclusivamente identificadas. A identificação mostra o responsável técnico e qual área de exploração dentro da reserva ela pertence”, disse o produtor.
Na avaliação do setor, o grande desafio ainda é superar a falta de conhecimento técnico sobre a prática do manejo florestal sustentável, o que ainda prejudica a reputação madeireira no estado. “Temos sempre esse contraponto de que há essa veiculação errônea do manejo florestal, da produção florestal com o desmatamento, sobretudo com o desmatamento ilegal. As grandes redes quando noticiam o aumento de desmatamento em determinado estado, eles veiculam isso com um caminhão lotado de toras, por exemplo, isto é muito ruim, simplesmente interpretam dessa forma, não ouvem o setor, não fazem confronto da informação que chega até eles e simplesmente transmitem, o que prejudica fortemente a imagem de quem produz corretamente”
Mesmo trabalhando dentro da lei, o produtor rural Thiago Fabris reclama dessa associação equivocada. “Fica aqui a minha indignação em relação a essa imagem que transfere do Mato Grosso para o Brasil e para o mundo, uma imagem falsa, irreal, que não condiz com o nosso trabalho sério e digno que temos aqui no dia a dia”, reclamou.