O número de furtos e roubos de defensivos agrícolas cresceu 154% entre janeiro e outubro, em Mato Grosso. Preocupados, agricultores estão investindo em equipamentos para reforçar a segurança das propriedades. O produtor Marciano Ferrari, por exemplo, gastou cerca de R$ 60 mil. “Outra precaução é trazer somente o que precisamos, para dois ou três dias, nada de grandes volumes”, diz.
Ele ainda não foi vítima de criminosos, mas achou melhor se precaver quando viu os casos aumentarem na vizinhança. “Como a gente fica muito na beira da rodovia, fica a insegurança. Antigamente, fazenda era símbolo de tranquilidade. Hoje, mudou: o produtor é quem está atrás de uma grade”, conta. Segundo ele, a polícia não consegue atender rapidamente porque as propriedades ficam longe do centros urbanos.
Segundo a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, assaltantes de bancos e integrantes de facções criminosas podem estar envolvidos nos crimes. “Estamos enfrentando realmente um aumento substancial nos crimes de roubos e furtos de defensivos agrícolas. Ao mesmo tempo que estamos comemorando uma diminuição muito grande dos crimes de roubos e furtos a bancos e caixas eletrônicos. Acreditamos que os criminosos que agiam contra bancos, do Comando Vermelho e do PCC, também atuem nisso”, conta o diretor de atividades especiais e delegado do GCCO, Flávio Henrique Stringueta.
De acordo com Stringueta, a falta de estrutura e as leis atuais dificultam as operações da polícia contra o crime no campo. “Temos poucas equipes de prontidão. Hoje, contamos com apenas seis policiais para essas ocorrências”, diz.
O delegado também reclama das penas brandas para crimes desta natureza e do direito de progressão de regime, que, segundo ele, deixam os criminosos pouco tempo presos. “Logo estão cometendo novos crimes. Costumo dizer que nunca fiquei sabendo da existência de um ex-ladrão. Se ele foi uma vez e foi solto, vai continuar”, afirma.