O dólar comercial fechou em forte alta de 1,44% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7650 para venda, no maior valor de fechamento desde 15 de maio (quando encerrou a R$ 5,8410), em sessão de aversão ao risco no exterior reagindo ao endurecimento das medidas de isolamento social na Europa, como na Alemanha e na França, diante o avanço do novo coronavírus no continente, o que eleva as incertezas em relação à recuperação econômica da zona do euro e global.
Segundo o economista Roberto Troster, isso é resultado de uma política cambial que só é praticada no Brasil. “Nossa política cambial é única no mundo, que é uma política cambial volátil, que é um terror. Passou de R$ 4,00 para R$ 5,80. Que tipo de política cambial é essa? O Banco Central não faz nada, sendo que tem muita reserva em dólar e não usa”, disse o economista.
Mesmo com essa alta contínua, o economista diz acreditar que a moeda não passará da barreira dos R$ 6 e deverá ter uma pequena queda até o fim do ano. “A minha aposta para o fim do ano é que o dólar feche na casa dos R$ 5,20”, disse.
O comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, pensa diferente e vê a moeda norte-americana passando da barreira dos R$ 6,00 por conta da política econômica do governo brasileiro.
Eu já disse outras vezes que o dólar passaria dos R$ 6,00 e fecharia o ano na casa dos R$ 6,50. Isso, eu digo, baseado em alguns fatos que estão se consolidando. O primeiro fato é que o Brasil continua com dificuldades para resolver a questão fiscal, parecendo uma bússola quebrada, sem rumo. e com políticas econômicas que não avançam”, disse.
Segundo Daoud, outro fator que prejudica é o fato de o Congresso estar travando pautas e prejudicando o andamento político do Brasil. “Nosso cenário político é gravíssimo e temos que manter essa assistência a milhões de brasileiros que, infelizmente, se tudo continuar como está, não terão nem o que comer”, disse.
O terceiro fator que prejudica o câmbio, segundo Daoud, é uma possível derrota de Donald Trump nos EUA e, por fim, a demanda da China por alimentos, o que fez o preços das commodities subirem.
“Esses são os pontos que eu disse lá atrás e continua com essa convicção. Dentro desse cenário, não vejo o dólar caindo”, finalizou.